A forte chuva que atingiu Manaus neste domingo (5) voltou a levantar questionamentos sobre os gastos da Prefeitura de Manaus. O temporal, que provocou alagamentos em várias regiões da cidade, veio acompanhado de críticas à gestão do prefeito David Almeida (Avante), que, mesmo após anunciou o gasto de cerca de R$ 40 milhões em um radar meteorológico de alta precisão, que não previu com exatidão o volume de precipitação.
O radar foi anunciado no início do ano como uma ferramenta capaz de identificar chuvas com até três horas de antecedência e prevenir alagações e deslizamentos, o equipamento foi apresentado como um avanço tecnológico para o monitoramento climático da capital. No entanto, segundo o próprio prefeito, a intensidade da chuva superou as expectativas.
“Informando que essa chuva que caiu nesse final da manhã, início da tarde, choveu na cidade de Manaus 49 milímetros, o esperado era de 10 a 20 milímetros, então quase o dobro da média prevista. Causando problemas de alagamentos em alguns bairros da cidade de Manaus, transbordamento de bueiros e de igarapés, queda de árvores”, afirmou o chefe do Executivo municipal.
De acordo com o monitoramento meteorológico, o maior volume de chuva foi registrado na zona Sul, especialmente no bairro Santa Luzia, com 49 milímetros de precipitação. O fenômeno veio acompanhado de ventos fortes e tempestade localizada, resultando em transbordamentos e acúmulo de lixo que obstruíram bueiros.
Em casos como esse, o cidadão receberia um alerta sonoro no celular, que apontaria o risco das chuvas. No entanto, de acordo com os manauaras, o alerta não chegou.
Após o prefeito compartilhar um vídeo nas redes sociais, internautas cobraram explicações e questionaram o gasto milionário no sistema que não funcionou, de acordo com eles.
O que diz a Defesa Civil?
A ausência do alerta sonoro de emergência durante o temporal também gerou questionamentos entre os moradores. Em nota, a Secretaria Executiva de Proteção e Defesa Civil (Sepdec) explicou que o sistema ainda está em fase de entrega e implantação gradual. A tecnologia será utilizada apenas em situações críticas, quando houver risco imediato à vida e necessidade de evacuação de áreas vulneráveis.
Segundo a Defesa Civil, em casos de chuvas intensas sem risco de colapso, a comunicação ocorre por mensagens de SMS, redes sociais oficiais e grupos comunitários de WhatsApp. O órgão informou que as equipes seguem em treinamento para operar o sistema de forma integrada com órgãos estaduais e federais.
“Trata-se de uma tecnologia nova em Manaus e está, atualmente, em fase de entrega, implantação e testes. A chuva registrada neste domingo foi intensa e concentrada em um curto período, mas não configurou o cenário necessário para o acionamento do alarme. A Sepdec segue com servidores implantados nas bases e equipes em treinamento para operar o sistema de forma integrada com órgãos estaduais e federais”, diz um trecho da nota.
A Defesa Civil reforçou que segue acompanhando as áreas afetadas e destacou a importância de a população evitar o descarte irregular de resíduos, prática que agrava os efeitos das chuvas em Manaus. Em casos de emergência, o atendimento é feito pelo número 199, disponível 24 horas.
Outro lado
O Convergente entrou em contato com a Prefeitura de Manaus para buscar um posicionamento a respeito do assunto. Ao município, a equipe de reportagem questionou o valor total investido e quando o radar foi entregue à Prefeitura.
O Convergente também questionou se a Prefeitura de Manaus vai revistar os protocolos de alerta, após o forte temporal deste domingo.
Até a publicação desta matéria, não houve retorno. O espaço segue aberto para esclarecimentos.
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