A paralisação do transporte coletivo em Manaus, nos dias 11 e 12 de setembro, deixou milhares de passageiros sem alternativa para chegar a compromissos pessoais, de estudo e de trabalho. A mobilização dos rodoviários ocorreu em protesto contra atrasos no pagamento de salários e benefícios, mas quem depende do serviço relatou prejuízos significativos.
O estudante Alexandre Façanha Moura, 22, morador do Tarumã, contou que precisou caminhar cerca de 10 km após a suspensão das atividades.
“Prejudicou muito! Pois o Uber estava bastante caro a partir do momento que começou a paralisação, e eu faltei aula devido essa situação. Não só eu como outros amigos, além de que tive que ir a pé pra casa que fica localizado no bairro Tarumã, sendo que estudo na Avenida Constantino Nery, ou seja, 10 km caminhando. Por um lado entendo a revolta dos rodoviários, por outro nós usuários de transporte coletivo ficamos no prejuízo tanto na ida e volta de nossos compromissos”, afirmou.

Já Gerson Cardoso Batista, 27, morador do Jorge Teixeira, disse que conseguiu alternativas de transporte, mas observou o impacto sobre a população.
“Eu, como usuário do transporte público, não acho nada legal essa situação, pois prejudica não só a mim, mas também uma grande parte da população. Felizmente, consegui outros meios de voltar para casa, mas enquanto passava pelas paradas e via tanta gente esperando, fiquei refletindo sobre o quanto tudo isso não é justo. Sei que as greves de ônibus acontecem por questões sérias, como pagamentos atrasados e reivindicações por melhores condições de trabalho, e consigo entender o lado dos motoristas. Ainda assim, é difícil não sentir que quem sofre no fim das contas é a população que depende do serviço diariamente”, destacou.
Outra usuária, que preferiu não se identificar, avaliou que, mesmo sem ter sido prejudicada diretamente nos dois dias de paralisação, o sistema de transporte apresenta falhas recorrentes. “A situação do transporte público deveria melhorar, ônibus muito lotados, falta de segurança”, disse.
Avenidas paralisadas
O impacto da paralisação também se reflete no trânsito. Avenida Leonardo Malcher e entorno do Terminal 1 estão fechados pelos ônibus parados. Caso os salários não sejam pagos até às 14h desta sexta-feira (12), os rodoviários ameaçam fechar a Avenida Djalma Batista, o que pode paralisar ainda mais a circulação na cidade.
A greve parcial e total dos últimos dias reabriu o debate sobre a qualidade do transporte coletivo em Manaus. Apesar da renovação de parte da frota, problemas como atrasos, superlotação e instabilidade do serviço ainda afetam o cotidiano de milhares de pessoas.