O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reagiu publicamente nesta segunda-feira (21) às novas medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), incluindo o uso de tornozeleira eletrônica. Em discurso após reunião emergencial com parlamentares do Partido Liberal, na Câmara dos Deputados, Bolsonaro classificou a decisão como uma “covardia” e “máxima humilhação”.
“Não roubei os cofres públicos, não desviei recursos, não matei ninguém, não trafiquei ninguém. Isso aqui é o símbolo da máxima humilhação do país. É uma covardia o que estão fazendo com este presidente da República. O que vale para mim é a lei de Deus”, afirmou Bolsonaro, apontando para o equipamento que agora deve usar por ordem judicial.
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Cercado por apoiadores, parlamentares e membros da imprensa, o ex-presidente demonstrou indignação com o avanço das investigações da Polícia Federal e reforçou sua postura de vítima de perseguição política.
Reação do PL
A fala de Bolsonaro ocorreu em meio à reunião articulada pelos líderes do PL no Congresso, o deputado Sóstenes Cavalcante (RJ) e o senador Carlos Portinho (RJ), em resposta à decisão do STF. Mesmo com o recesso parlamentar em curso, Sóstenes convocou os colegas de partido a retornarem imediatamente a Brasília para discutir estratégias diante do novo cenário jurídico enfrentado pelo ex-presidente.
A reunião, marcada para as 14h desta segunda-feira, buscou demonstrar apoio da bancada liberal a Bolsonaro e articular um contra-ataque político às decisões do Judiciário. A mobilização também ocorre em meio à crescente tensão institucional entre bolsonaristas e o Supremo.
As medidas impostas
Na última sexta-feira (18), Moraes determinou que Bolsonaro utilize tornozeleira eletrônica, cumpra recolhimento domiciliar noturno — entre 19h e 7h nos dias úteis — e não circule nos fins de semana e feriados. O ex-presidente também está proibido de manter contato com outros investigados, incluindo o próprio filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
As restrições fazem parte de um inquérito da PF que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, em que aliados do então presidente teriam tramado a não aceitação do resultado eleitoral e promovido ações golpistas.