Líderes de movimentos conservadores e ativistas da direita do Amazonas criticaram duramente a nova operação da Polícia Federal que impôs medidas cautelares ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), incluindo o uso de tornozeleira eletrônica. Para os ativistas de direita da região, a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), representa uma “perseguição política” e um “abuso de poder” que, segundo eles, escancara a fragilidade da democracia brasileira e a omissão do Congresso Nacional.
A operação da PF faz parte das investigações sobre tentativa de golpe de Estado e articulações ilegais feitas por aliados do ex-presidente. As novas medidas incluem, além da tornozeleira eletrônica, a proibição de manter contato com outros investigados, de se ausentar da cidade sem autorização e a entrega do passaporte.
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Para Sérgio Kruke, líder do Movimento Conservador Amazonas, as decisões do STF estão sendo tomadas à revelia da Constituição. “Como líder do movimento conservador, estou indignado. Não apenas com a atitude do Moraes — porque essa já era esperada, inclusive, atropelando a Constituição — mas com parlamentares que só sabem fazer vídeo no TikTok e não atuam com mandato. Estão humilhando o Bolsonaro e colocando todo o Parlamento de joelhos”, declarou Kruke, em entrevista ao O Convergente.
Segundo Kruke, o Congresso passou a “autorizar os abusos” do Judiciário ao permitir, ainda em 2021, a prisão do ex-deputado Daniel Silveira, também por decisão de Moraes. “Naquele momento, o Parlamento deu autorização para que Moraes tomasse qualquer medida, inclusive contra eles mesmos.”

Kruke, que já organizou manifestações bolsonaristas em Manaus, afirmou que não convocará novos atos em defesa do ex-presidente, porque quem precisa resolver isso agora são os deputados e senadores. “Agora, só resolve com o impeachment de Alexandre de Moraes. Mas não vou convocar manifestação e colocar o povo na mira de Alexandre de Moraes. Quem tem que resolver isso são os deputados federais e senadores, principalmente os que pedem votos em nome de Bolsonaro”
“Para finalizar eu espero que o eleitor observe esses deputados federais e senadores, inclusive do PL, que só sabem fazer vídeo publicação para rede social, mas efetivamente, não fazem nada. A gente não quer mais brava, a gente quer atitude”, finalizou.
Outro nome da direita no estado, Felipe Araújo, jornalista e militante da direita no Amazonas, também se manifestou. Para ele, o país vive um momento de ruptura institucional.
“Estamos presenciando uma clara perseguição política contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Medidas como tornozeleira eletrônica, censura nas redes sociais e restrições injustificadas são abusos de poder. Bolsonaro está sendo acusado sem provas concretas e enfrentando a maior cassada política judicial da história do País”, criticou.

Araújo defendeu que a ofensiva contra Bolsonaro ultrapassa o campo jurídico e se transforma em uma tentativa de criminalizar a direita no Brasil. “Não se trata apenas de um homem. São milhões de brasileiros que acreditam em princípios como família, fé, liberdade e pátria. Nós, como de direita da Região Norte, repudiamos veementemente essa injustiça”, disse.
Segundo ele, o desequilíbrio institucional prejudica a confiança da população nas instituições democráticas. “Queremos um Brasil onde a lei se aplique com equilíbrio, onde ninguém esteja acima da verdade, nem o governo nem a oposição. Chega de dois pesos e duas medidas”, concluiu Felipe Araújo.
População reage
A reportagem também ouviu cidadãos amazonenses, que expressaram opiniões divididas sobre a medida determinada pelo Supremo Tribunal Federal.
Para a aposentada Maria Breves, de 81 anos, moradora do bairro Japiim, a imagem do ex-presidente com tornozeleira eletrônica é “triste para o Brasil”.
“Mesmo não concordando com tudo que ele fazia, eu nunca pensei que um presidente fosse acabar assim. Infelizmente é lamentável. Mas, se ele errou, tem que pagar como qualquer um”, disse.
Já o mototaxista Jerônimo da Silva, de 54 anos, vê a ação da PF como exagerada.
“É uma perseguição. Todo mundo sabe que querem calar o Bolsonaro porque ele ainda tem apoio. Essa tornozeleira é uma humilhação gratuita, não vai impedir nada. Ele já foi presidente, não é bandido”, afirmou.
Na visão do estudante universitária Paulo Ricardo, de 22 anos, a Justiça está agindo dentro da legalidade.
“O que ele fez é muito grave. Conspirar contra a democracia, tentar desacreditar as eleições, isso tem que ter consequências. Não é porque foi presidente que pode tudo. A tornozeleira é pouco”, avaliou.