Horas após a operação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado federal Capitão Alberto Neto (PL) divulgou, nesta sexta-feira (18), uma nota em nome da liderança da Oposição na Câmara dos Deputados, na qual condena a operação da Polícia Federal contra Bolsonaro. A ação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), durante o recesso parlamentar.
Segundo o documento, a oposição vê com “veemente preocupação e repúdio” a iniciativa da PF, classificando-a como um “grave episódio de abuso de poder” e um sinal de que o Brasil ultrapassou “mais um limite perigoso”.
“A escalada autoritária atinge um novo patamar”, diz o texto. Para os oposicionistas, a operação representa uma “instrumentalização das instituições para fins de perseguição política” e configura um “regime de exceção”, onde um único magistrado “concentra poderes desproporcionais”, em referência direta ao ministro Moraes.
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A nota também faz menção à situação pessoal de Bolsonaro, apontando que ele é um “homem idoso, com graves problemas de saúde” e que “não representa risco de fuga”, uma vez que já teve o passaporte retido anteriormente. A avaliação da oposição é de que a ofensiva não tem motivação jurídica legítima, mas sim o objetivo de “eliminar a figura política do maior líder da direita da América Latina”.
O texto ainda menciona o cenário internacional, afirmando que o Brasil vive uma crise diplomática com os Estados Unidos e que ações como a deflagrada nesta sexta-feira “agravam a deterioração da imagem do país no exterior”. Segundo a nota, a suposta ausência de “freios institucionais” coloca o Brasil “na contramão das democracias modernas”.
Por fim, o grupo conclama a atuação de organismos internacionais de defesa dos direitos humanos, da democracia e do Estado de Direito, diante do que chama de “abusos que se acumulam”.
“A oposição reafirma seu compromisso com a Constituição, com a democracia e com a verdade”, diz a liderança da minoria na Câmara, ao cobrar o “reencontro com o equilíbrio entre os Poderes” e o “respeito às garantias individuais”.
A operação desta sexta-feira é mais um desdobramento das investigações conduzidas pelo STF sobre suposta tentativa de golpe de Estado e articulações antidemocráticas atribuídas ao entorno do ex-presidente Bolsonaro. Procurado, o Supremo ainda não se manifestou sobre as críticas.
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