O cantor Johnny Hooker criticou a decisão do prefeito de Boa Vista, Arthur Henrique (MDB), de cancelar seu show na cidade e afirmou que o ato representa “intolerância com a diversidade” e uma “vitória da homofobia e da LGBTfobia no Brasil”. Ele e sua equipe estudam “medidas cabíveis” para recorrer da decisão.
Na segunda-feira, 25, Arthur Henrique vetou o show do cantor após religiosos resgatarem uma apresentação em que o artista disse que Jesus Cristo seria “travesti, transexual e bicha”.
Hooker era um dos nomes escalados para se apresentar no festival Mormaço Cultural 2023 e sua presença foi escolhida pelos moradores da cidade em uma votação popular. Ele se apresentaria no próximo sábado, 30. O cantor classificou a decisão do prefeito de cancelar o show como “arbitrária”.
“Acabo de saber que meu show em Boa Vista, Roraima, que estava previsto para este sábado foi arbitrariamente cancelado pelo prefeito Arthur Henrique por motivo de homofobia e intolerância com a diversidade depois que um corte de uma fala minha tirada de contexto foi espalhada por extremistas religiosos nas redes sociais. Cabe ressaltar aqui que esse assunto já foi extinto pela justiça brasileira com ganho de causa a mim. Ou seja, vivem de requentar polêmicas atacando a comunidade LGBTQIA+”, disse em uma publicação em uma rede social.
Nas redes sociais, o prefeito disse que Hooker foi “desaprovado por muitas pessoas através de manifestações públicas” durante o final de semana.
“Eu estava fora do Brasil, em um evento de primeira infância, e no meu retorno, sábado, me deparei com esses questionamentos. Respeito é algo que não abro mão. Todos sabem dos meus princípios e dos meus valores e, como prefeito, sempre vou fazer o melhor pelas pessoas e pela cidade de Boa Vista. De imediato, iniciamos as tratativas jurídicas e, a meu pedido, a Fetec (Fundação de Educação, Turismo, Esporte e Cultura de Boa Vista) cancelou essa atração do festival”, afirmou o prefeito.
As “manifestações públicas” citadas pelo prefeito na mensagem de cancelamento remetem a um show polêmico que Hooker fez em julho de 2018, no Festival de Inverno de Garanhuns, no interior de Pernambuco. O prefeito do município pernambucano havia tentado vetar a peça “O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu”, estrelada pela atriz trans Renata Carvalho, que representava Jesus como uma mulher transexual. Como forma de repúdio, o cantor abriu a sua participação falando que Jesus era “travesti, transexual e bicha”.
“Eu estou aqui hoje pra dizer pra vocês que Jesus é travesti, sim, Jesus é transexual, sim, Jesus é bicha, sim, p*! Pode vaiar a vontade. Enfia a vaia no c*”, gritou o cantor na abertura do show em 2018.
O Código Penal Brasileiro (Decreto-Lei 2.848/1940), em seu artigo 208, estabelece que é crime “escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso”
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Por Redação Manaós
Revisão textual: Vanessa Santos
Foto: Divulgação
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