O hacker Walter Delgatti disse, nesta quinta-feira (17), à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Antidemocráticos, que aceitaria participar de uma acareação com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Durante depoimento a deputados federais e senadores, Delgatti disse ter se encontrado com Bolsonaro no ano passado, em meio a campanha eleitoral.
O hacker afirmou que tem condições de fazer “de forma tranquila” a acareação com Bolsonaro. Ele ainda mostrou disposição de participar de uma confrontação com “qualquer pessoa citada” na CPMI, como a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que teria sido a responsável por apresentar Delgatti ao então presidente.
“Tomei café da manhã com ele [Bolsonaro] e ele disse que eu estaria salvando o Brasil”, disse o hacker, ao contar sobre um encontro com o então presidente. “A conversa foi para falar sobre as lisuras das eleições. Por ser o presidente da República, eu fui. Lembrando que eu estava desamparado e sem emprego”, continuou ele, preso desde 2 de agosto, acusado de invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Em seu depoimento, Delgatti disse ter sido levado do Palácio do Alvorada, em Brasília (DF), à sede do Ministério da Defesa, também na capital federal.
De acordo com o hacker, Bolsonaro teria oferecido um indulto em troca de provas contra supostas fragilidades da urna eletrônica. O presidente teria pedido também que Delgatti assumisse a autoria de um grampo contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
“A ideia ali era que eu recebesse um indulto do presidente. Ele havia concedido a um deputado federal (Daniel Silveira) e, como eu estava com o processo da (Operação) Spoofing na época, e as (medidas) cautelares que me proibiam de acessar a internet e trabalhar, eu visava a esse indulto e foi oferecido no dia”, falou.
Senador defende acareação
O senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), responsável por perguntar a Delgatti sobre a disposição dele para uma suposta acareação, defendeu uma confrontação entre o hacker e Bolsonaro.
“Nos deparamos com uma realidade muito séria. Quando pergunto sobre a disposição que o senhor Walter possa ter (em fazer uma acareação com Bolsonaro), é de se levar em consideração que todos os mencionados devam estar aqui (na CPMI)”, defendeu.
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Por July Barbosa com informações CNN
Revisão textual: Vanessa Santos
Foto: Divulgação