A saúde, o trabalho e a educação formam, neste momento histórico, três eixos fundamentais que necessitam de uma intervenção emergencial no Amazonas. A aproximação da eleição torna preocupante a falta de propostas políticas que consigam solucionar os vários problemas que, historicamente, a população enfrenta no cotidiano da vida difícil, principalmente quando falamos de estruturas que são extremamente precárias dos municípios da região.
Quando assistimos as propagandas eleitorais na TV, quando recebemos as enxurradas de mensagens e acompanhamos pelas redes sociais as informações dos candidatos a cargos políticos, nos deparamos com um único contexto: acusações X acusações. As propostas políticas estão desaparecendo, ou melhor, as poucas são ineficientes, medíocres, inviáveis e não retratam nem um pouco a especificidade do contexto político, cultural, econômico, ambiental e social do Amazonas.
Despreparo! Essa palavra retrata muito bem o perfil de grande parte dos candidatos políticos do nosso país e da nossa região. Mostramos isso no O Convergente, por meio da série Manifesto – Politizando Opiniões. Nela, informamos aos eleitores que muitas vezes sofrem com amnésia política e esquece quem de fato é o candidato que está pedindo voto!
No Amazonas, muitos candidatos estão em busca de uma reeleição, outros já exercem outros cargos políticos e já trazem em suas bagagens a ineficiência e a vergonha do câncer da corrupção. Mas o que mais nos preocupa neste texto é a falta de condições técnica, cognitiva, política e moral.
A pandemia “escancarou” para o mundo ver a precariedade dos municípios do Estado do Amazonas que, historicamente, mesmo tendo um bom orçamento, sempre dependeu da capital para a saúde na modalidade do serviço de especialistas e de tecnologias duras, como as Unidade de Terapia Intensiva (UTIs). A política de saúde a serviço da população do Amazonas precisa, portanto, de um olhar atento às realidades das diferentes populações e comunidades, entre as diversas e sazonais epidemiologias e, especialmente, entre as soluções público-privadas e intersetoriais para lidar com os muitos quilômetros de distância determinantes para se salvar ou se perder uma vida. Isso ficou exposto para todos nós nessa pandemia. E precisamos estar preparados para que o horror enfrentado, não aconteça novamente!
O trabalho nunca precisou ser tão repensado como agora. As mudanças deixadas pela pandemia influenciam diretamente a vida da população. A economia não pode ser pensada somente através da “exploração de recursos naturais”, o trabalho, o conceito sobre ele e sobre o que a população pensa e precisa, deve ser levado em consideração. Tanto prova que foi através da criatividade do povo, que o empreendedorismo vem tomando o lugar do trabalho informal e as pessoas estão cada vez mais com necessidade de informação, estrutura e apoio aos seus pequenos negócios. Não se pode pensar sobre o povo, sem ouvir o povo!
Isso sem falar na educação, eixo necessário em tudo! Sem ela, continua a precariedade histórica da falta de conhecimento no Amazonas, que prejudica desde a criança até o adulto, seja nas simples tomadas de decisões, ou nas grandes escolhas que determinarão suas vidas. Pelo Amazonas, podemos iniciar grandes reformas nas políticas públicas de educação, por meio de métodos pedagógicos transformadores, que privilegiem a nossa realidade local, a história dos nossos povos, a estrutura física das nossas escolas e o compromisso com a escola, com os alunos e a comunidade.
Nosso Amazonas é cheio de possibilidade! Aqui a riqueza ultrapassa a fauna e a flora. As pessoas dessa terra são ricas em conhecimento. Então senhores políticos, não me venham com falácias, não me venham com meras histórias. Esse povo merece pessoas com compromisso e, acima de tudo, condições técnicas para fazerem um Amazonas vivo e inovador!
Por Erica Lima – pesquisadora MSc., diretora do Portal O Convergente e do Instituto de Consultoria em Ensino, Pesquisas e Mídias – O Convergente