Sem apresentar propostas efetivas para o Amazonas, a vinda do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a Manaus, nos dias 26 e 27 de outubro, além de ter sido considerada vazia, causou desapontamento em parte da população e ainda gerou custos ao erário público. Mesmo estando na capital amazonense apenas para cumprir agenda política e para participar de um evento particular da igreja Assembleia de Deus, a vinda de Bolsonaro e da comitiva presidencial foi custeada com recursos públicos, cujos valores não podem acessados no Portal da Transparência do Governo Federal devido a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
A expectativa da visita de Bolsonaro na cidade era que ele anunciasse o repasse de recursos federais para a Prefeitura de Manaus, como chegou a ser informado pelo prefeito, David Almeida (Avante) no dia do aniversário da capital, no último domingo, 24, o que não foi confirmado publicamente pelo presidente, e causou frustação nos manauaras. Temas referentes ao fortalecimento da Zona Franca de Manaus (ZFM) ou sobre a pavimentação da rodovia federal BR-319, também não foram tratados pelo presidente que restringiu sua estadia em Manaus a encontros políticos e eventos de cunho religioso.
Jair Bolsonaro chegou à capital na noite da última terça-feira, 26/10, participou de reuniões políticas e do baile de formatura de 404 novos policiais militares do Amazonas, a convite do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC). Na quarta-feira, Bolsonaro participou do encerramento da 1ª Convenção das Assembleias de Deus no Brasil (CADB), participou de um programa televisivo e de um culto solene na Igreja Evangélica Assembleia de Deus (Ieadam). Por volta das 21h30, o presidente retornou à Brasília.
”Austero” – O pernoite em Manaus foi passado, conforme publicação nas redes sociais, no Hotel de Trânsito de Oficiais do Exército Brasileiro, cuja a diária tem valor simbólico, cerca de R$ 95,00, conforme o presidente. Esse foi o único valor trazido ao conhecimento do contribuinte.
Para enaltecer o suposto comportamento austero do presidente, o deputado federal Delegado Pablo (PSL-AM) divulgou o vídeo em um perfil em rede social e elogiou a “modéstia do presidente”. No vídeo, além de mostrar o quarto, o presidente diz que é “missão de Deus e que irá cumpri-la, zelando pelos recursos públicos e pelo país”.
Outros gastos – As viagens do presidente ao Amazonas chamaram atenção também do deputado Elias Vaz (PSB-GO), que solicitou da Presidência da República e do Ministério da Defesa, com base na Lei de Acesso à Informação, dados relativos a viagem que Bolsonaro fez ao Estado em maio deste ano, quando esteve em São Gabriel da Cachoeira para inaugurar uma ponte de madeira, de 20 metros de comprimento, por R$ 255 mil.
Na viagem à São Gabriel da Cachoeira, a comitiva presidencial consumiu R$ 609,5 mil de recursos públicos com o deslocamento terrestre da comitiva presidencial; R$ 50,9 mil com diárias; R$ 50,5 mil com cartão corporativo e R$ 742 com telefonia. O Governo Federal não informou ao deputado o montante referente a passagens aéreas, o que deve aumentar ainda mais a conta.
No período de março de 2020 a março de 2021, o Palácio do Planalto gastou, ao menos, R$ 18,5 milhões em viagens do presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia da Covid-19. Conforme informações da coluna de Guilherme Amado no Metrópole, obtidas via Lei de Acesso à Informação, o presidente realizou ao todo 101 viagens, uma média de duas por semana.
De acordo com a publicação, a lista de cidades visitadas por Bolsonaro é bastante extensa e conta tanto com viagens a trabalho quanto com momentos de lazer. Ainda segundo o colunista, não é possível saber o destino exato dos recursos utilizados, já que as notas fiscais e os detalhes dos gastos ficam em sigilo até o fim do mandato presidencial.
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Por Redação
Foto: Isac Nóbrega/PP