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quinta-feira, novembro 13, 2025

‘Vou puxar a orelha do Lula’, diz cacique Raoni ao voltar a criticar exploração de petróleo

O cacique afirmou ter pedido a Lula que rejeitasse a exploração de petróleo na Margem Equatorial

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O cacique Raoni Metuktire voltou a criticar o presidente Lula (PT) por conta da exploração da Amazônia. O maior líder indígena do Brasil agora citou as obras de infraestrutura na Amazônia promovidas pelo governo federal, incluindo a extração de petróleo próxima à costa do Amapá, e disse que irá cobrar pessoalmente petista.

O que aconteceu

Acompanhado por diferentes lideranças indígenas, o cacique afirmou ter pedido a Lula que rejeitasse a exploração de petróleo na Margem Equatorial. “Eu falei com o presidente para ele não procurar petróleo aqui. Eu falei com o presidente para ele não autorizar fazer Ferrogrão”, disse, durante a abertura da Cúpula dos Povos, um evento paralelo à COP30 organizado pela sociedade civil, em Belém.

Ele também disse recorrer a lideranças internacionais. Na semana passada, conversou por videoconferência com o presidente francês, Emmanuel Macron, que esteve no Brasil para a cúpula de chefes de Estado pré-COP, e reforçou a mensagem contra a exploração. A bacia em questão fica próxima também à Guiana Francesa, território ultramarino do país europeu.

Aos 90 anos, Raoni subiu a rampa do Palácio do Planalto de braços dados ao presidente no dia da posse, em 2023 —e não esquece seu apoio. “Vou falar com o presidente Lula. Se precisar puxar a orelha do presidente para ele me ouvir, farei isso. Ele tem que nos respeitar”, disse à imprensa e mais de 300 indígenas em uma embarcação em que está hospedado.

O Ibama concedeu licença para a Petrobras começar a perfurar o Bloco 59, a 500 quilômetros da Foz do Amazonas. A região faz parte da Margem Equatorial, uma área que vai do Amapá ao Rio Grande do Norte e abriga o maior conjunto de manguezais do mundo, além de um dos maiores sistemas de recifes da Amazônia. Um vazamento de petróleo naquela região poderia causar um desastre ambiental.

Já a chamado Ferrogrão é a ferrovia federal EF-170. Este é um dos maiores projetos ferroviários do país, que ligará Sinop (MT) a Miritituba (PA), concedido para multinacionais e uma das vitrines da gestão do ministro Renan Filho à frente do Ministério dos Transportes.

Originário do povo kaiapo, do Mato Grosso, Raoni é contra a obra e o avanço do agro. Segundo ele, a expansão da soja tem “aumentado o desmatamento” na Amazônia e precisa ser brecado.

Os indígenas também protestaram contra a construção de uma hidrovia no rio Tapajós. “O agro passa, a destruição fica”, dizia um dos cartazes expostos na embarcação. Como a ferrovia, esta construção também tem a finalidade de escoar melhor a produção agrícola do centro do país para os portos.

Apesar de rentáveis, os projetos são controversos. Ambientalistas questionam os estados feitos e acusam o governo federal de ceder ao lobby do agronegócio e de multinacionais em prol dos biomas e dos povos locais.

 

Fonte: UOL

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