O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, fez um apelo dramático em inglês na noite de quinta-feira (23), durante um pronunciamento transmitido pela TV estatal. A mensagem foi uma resposta direta às declarações recentes de Donald Trump, que anunciou planos de operações militares dos Estados Unidos em solo venezuelano para combater cartéis de drogas.
No discurso, Maduro se dirigiu ao povo americano e repetiu frases que chamaram atenção pela carga emocional. “Not war, not war, not war. Just peace, just peace, just peace – forever, forever, forever. Peace forever. No crazy war. No chaos, no madness, no war. Please, please, please… Just peace. Peace forever”, disse o presidente, em tom de súplica.
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Maduro criticou as “guerras falhadas” da CIA em países como Afeganistão, Iraque e Líbia, negou qualquer envolvimento de seu governo com o narcotráfico e classificou as ações norte-americanas como violações à soberania venezuelana e à Carta das Nações Unidas. Ele também mencionou o envio de milhares de sistemas de defesa aérea pelo país e alertou que a Venezuela está pronta para se defender com mísseis russos, como o Igla-S, em caso de invasão.
Escalada de tensão
O discurso ocorre em meio a uma escalada diplomática e militar entre os dois países. Trump anunciou que não pedirá autorização formal ao Congresso para realizar operações na Venezuela e confirmou que a CIA já recebeu aval para executar missões secretas no território. A decisão foi precedida por uma série de bombardeios no Caribe, que deixaram ao menos 37 mortos, supostamente ligados ao tráfico.
Além disso, o ex-presidente americano dobrou a recompensa por informações que levem à captura de Maduro, elevando o valor para US$ 50 milhões, sob acusação de tráfico de drogas. Ele também enviou forças navais com milhares de marines ao Caribe e comparou os cartéis venezuelanos, como o suposto “Cartel de los Soles”, à Al-Qaeda.
Analistas internacionais apontam que a ofensiva pode ser usada como pretexto para uma mudança de regime, tendo em vista o interesse estratégico dos EUA no petróleo venezuelano. Especialistas também ressaltam que a maior parte do fentanil consumido nos Estados Unidos entra pelo México, e não pela Venezuela, o que levantaria dúvidas sobre a justificativa da operação.
Em meio ao clima de incerteza, Maduro tem buscado apoio de países da América Latina para evitar o que chamou de “guerra no Caribe”.


