O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Amazonas (Sinjor-AM) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) divulgaram, nesta quarta-feira, 15, uma nota de repúdio contra o vereador Hygor Magalhães Barros (Democracia Cristã), da Câmara Municipal de Itacoatiara, após o parlamentar mandar retirar e ameaçar algemar o repórter Melk Santos, do Portal Online Multimídia, durante uma sessão legislativa na noite de terça-feira, 14.
Na nota, as entidades classificam a atitude do vereador como “antidemocrática e autoritária” e afirmam que a conduta de Hygor Magalhães representa “uma violência inaceitável e afronta direta aos pilares do Estado Democrático de Direito”.
O documento ressalta que o repórter foi impedido de exercer sua função jornalística e que a ameaça de algemá-lo durante a cobertura configura um “grave atentado à liberdade de imprensa e de expressão”.
O texto também defende o papel da imprensa como fiscalizadora do poder público e essencial para a democracia. “A reação desproporcional e intimidatória do vereador Hygor Magalhães, que utilizou seu poder para silenciar, censurar e coagir a imprensa, é um claro sinal de intolerância à crítica e à transparência”, afirmam Sinjor-AM e Fenaj.
As entidades cobram que a Câmara Municipal de Itacoatiara adote providências imediatas para coibir atitudes semelhantes e garantir que jornalistas possam exercer suas funções com segurança, sem ameaças ou intimidações.
“O jornalismo ético, de qualidade e voltado ao interesse público é indispensável para a fiscalização do poder público e a saúde da democracia. As entidades representativas dos jornalistas não permitirão que a intimidação e o autoritarismo calem a voz da imprensa no Amazonas”, diz a nota.
O documento encerra com um chamado em defesa da categoria: “Pela liberdade de imprensa! Pelo respeito ao trabalho do jornalista!”.
Entenda o caso
Nesta terça-feira, 14, repórter Melk Santos acabou sendo expulso do plenário sob ameaça do vereador Hygor Magalhães de ser algemado. O episódio ocorreu devido à votação do pedido de cassação do vereador Ney Nobre (MDB), condenado a mais de 10 anos de prisão em regime fechado.
O processo, que acabou sendo arquivado pelos parlamentares por 15 votos a 0, foi questionado pelo profissional da comunicação durante a sessão dessa terça. Os parlamentares, contudo, levantaram o tom com o repórter, que precisou se retirar da sessão.
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Antes da confusão, Hygor fez críticas à imprensa e afirmou que “a população não deve acreditar em tudo que é publicado por portais e transmissões ao vivo”.
O repórter acabou sendo escoltado por seguranças até a saída, e a Polícia Militar foi acionada para reforçar a segurança na entrada da Câmara. Alguns vereadores sugeriram suspender a sessão caso Melk permanecesse no local.
Inconformados, cerca de 15 portais e profissionais da imprensa do município de Itacoatiara foram até à Câmara em defesa do repórter e para questionar o motivo da tentativa de intimidação ao exercício da comunicação jornalística.
O Convergente entrou em contato com o vereador para comentar sobre o caso, mas não obteve retorno até a publicação da matéria.
Confira o documento na íntegra: