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quinta-feira, setembro 11, 2025

Crise no Nepal expõe limites da visão simplória do Ocidente, diz especialista

Nos últimos dias, o governo do Nepal tem sido alvo de protestos violentos após determinar o bloqueio das redes sociais

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O Nepal enfrenta uma crise política intensa desencadeada por protestos de jovens que teve início após o governo impor um bloqueio de redes sociais. A decisão foi revertida, mas o impacto permanece profundo: ao menos 19 pessoas morreram e centenas ficaram feridas em confrontos com as forças de segurança.

O estopim foi o decreto que exigia registro obrigatório de plataformas como Facebook, X e YouTube junto às autoridades nepalesas. O governo justificou que isso visava combater desinformação, contas falsas e discurso de ódio. Os jovens protestaram contra corrupção, desigualdade social e a percepção de que a classe política está desconectada das condições de vida da maioria.

O primeiro-ministro K.P. Sharma Oli anunciou sua renúncia em meio à crise. A capital, Kathmandu, está sob toque de recolher, prédios governamentais foram incendiados, milhares protestaram, e presos fugiram de cadeias. Há forte repressão nas ruas e sensação de insegurança entre a população.

Especialista comenta

O cientista político Helso Ribeiro ressalta que, para entender o Nepal, é preciso ir além da visão simplória ocidental.

“A democracia ocidental nunca foi ali a receita de bolo ideal para eles. […] O Nepal sempre foi um país muito, muito extremamente fechado. […] Ali nós temos o Butão também cheio de problemas políticos, a própria Índia. […] A religiosidade muito forte, visões de casta, influência externa. Não é surpresa o recrudescimento das relações políticas. Eles têm uma outra realidade.”

Segundo Ribeiro, movimentos políticos como o que está ocorrendo no Nepal refletem tensões profundas de identidade, religião, sistema de castas e influência histórica externa (como a Índia, e proximidades com China). Ele alerta que aplicar padrões democráticos “à la Europa ou América do Norte” nesse contexto pode resultar em incompreensão e escalada de conflitos.

O que ocorre no Nepal vai além de um protesto contra censura: é uma manifestação de juventude descontente com desigualdades, corrupção, falta de perspectivas e sistemas de poder historicamente enraizados. A crise revela o dilema de muitos países no Sul e Ásia que transitam entre tradição, autoritarismo e aspirações democráticas.

Leia mais: Crise no Nepal: protestos da Geração Z derrubam primeiro-ministro e expõem colapso político

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