O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, defendeu nesta terça-feira (9) a legalização da cocaína como alternativa para reduzir o poder das máfias do narcotráfico e proteger a Amazônia. A declaração ocorreu em Manaus, durante a inauguração do Centro de Cooperação Policial Integrada da Amazônia (CCPI), ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O presidente colombiano classificou a política de combate repressivo ao tráfico como um fracasso imposto pelos Estados Unidos e defendeu que os países da América Latina discutam abertamente a legalização da cocaína, sem constrangimentos.
Segundo ele, a proibição alimenta tanto a violência do narcotráfico quanto a destruição ambiental na Amazônia. Para Petro, a regulação pelo Estado permitiria tratar a cocaína de forma semelhante ao álcool, reduzindo os lucros ilegais das máfias. “Se a cocaína fosse legalizada no mundo, não haveria a destruição da selva amazônica”, afirmou.
Petro usou como exemplo a legalização da maconha em seu país para argumentar que a regulação das drogas pode trazer impactos positivos. “Quantas pessoas morreram na América Latina porque legalizaram a maconha?”, questionou, destacando que o consumo da substância se tornou cotidiano nas ruas colombianas sem gerar a mesma violência observada com drogas mais letais, como a cocaína e o fentanil.
Contexto na Colômbia
O cultivo de cannabis para fins medicinais é legal na Colômbia desde 2016. Petro tem defendido a ampliação para o uso recreativo e, em março deste ano, pediu ao Congresso colombiano para retirar o cultivo da maconha da esfera da violência, transferindo-o para a regulação estatal.
Agora, ao propor também a legalização da cocaína, o presidente colombiano amplia o debate regional sobre políticas de drogas, tema que divide opiniões em governos e sociedades da América Latina.