33.3 C
Manaus
quarta-feira, setembro 10, 2025

Crise no Nepal: protestos da Geração Z derrubam primeiro-ministro e expõem colapso político

Bloqueio de redes sociais gerou onda de manifestações que se transformou em revolta nacional contra corrupção e má governança

Por

O Nepal vive uma das piores crises de sua história recente. O estopim foi o bloqueio de 26 redes sociais no início de setembro, incluindo WhatsApp, Facebook, Instagram, YouTube e X (antigo Twitter). A decisão do então primeiro-ministro KP Sharma Oli, justificada como medida contra “fake news” e crimes digitais, rapidamente se transformou em gatilho para protestos massivos liderados pela Geração Z, que denunciavam censura, nepotismo e corrupção endêmica.

O que começou como atos pacíficos evoluiu para confrontos violentos, incêndios em prédios públicos e a renúncia do chefe de governo. Até o momento, os conflitos já deixaram mais de 20 mortos e milhares de feridos, enquanto o Exército assumiu o controle das ruas.

Bloqueio digital e revolta social

Em 3 de setembro, o governo suspendeu o acesso a plataformas digitais que não se registraram junto ao Ministério de Comunicações e Tecnologia. Cerca de 90% da população nepalesa, dependente da internet para comunicação e envio de remessas do exterior, foi diretamente impactada. A decisão foi vista como uma afronta à liberdade de expressão e mobilizou sobretudo os jovens, que já enfrentam taxa de desemprego em torno de 20%.

Escalada violenta e renúncia do premiê

Nos dias 8 e 9, protestos tomaram Katmandu e outras cidades. A repressão policial, com uso de gás lacrimogêneo, balas de borracha e até munição real, provocou mortes e centenas de feridos. A violência aumentou quando manifestantes incendiaram prédios do Parlamento, da Suprema Corte e residências de líderes políticos. Houve relatos de ataques a autoridades e fugas em massa de presos.

Diante da pressão popular e da escalada do caos, o primeiro-ministro Oli renunciou, atribuindo a violência a “grupos de interesse”. O presidente Ram Chandra Paudel assumiu interinamente e tenta costurar um novo governo, mas sua legitimidade é questionada.

O Exército foi mobilizado e impôs toque de recolher nacional. O Aeroporto Internacional de Tribhuvan, fechado durante dois dias, reabriu com restrições. A ONU expressou preocupação com as mortes e está acompanhando a crise.

Enquanto isso, líderes do movimento estudantil indicaram a ex-juíza-chefe da Suprema Corte, Sushila Karki, como possível chefe de um governo interino. Ainda não há definição sobre os próximos passos da transição.

A crise revelou tensões acumuladas: desemprego juvenil, escândalos de corrupção, dependência de remessas e insatisfação com a elite política. Analistas apontam que o movimento pode marcar uma “revolução colorida” no Nepal, com forte protagonismo da Geração Z contra estruturas de poder envelhecidas.

Fique ligado em nossas redes

Você também pode gostar

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

spot_img

Últimos Artigos

- Publicidade -