O Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) analisa possíveis nulidades no processo que levou à condenação de Cleusimar de Jesus Cardoso e Ademar Farias Cardoso Neto, mãe e irmão da empresária Djidja Cardoso. Eles foram sentenciados em dezembro de 2024 por tráfico de drogas e associação para o tráfico, após investigação que ganhou repercussão nacional.
O caso veio à tona após a morte de Djidja, em maio de 2024, em Manaus. A ex-sinhazinha da Fazenda do Boi Garantido, que brilhou no Festival de Parintins entre 2016 e 2020, foi encontrada sem vida em casa. A principal linha de investigação da Polícia Civil aponta uma possível overdose de cetamina como causa da morte.
Após o episódio, a imagem da família Cardoso passou a ser diretamente associada ao tráfico de drogas e ao ambiente que cercava a empresária. Segundo as investigações, a rede de salões de beleza administrada por Djidja, a mãe e o irmão funcionava também como fachada para atividades ilícitas.
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Agora, a defesa de Cleusimar e Ademar tenta anular a sentença alegando falhas processuais, como a ausência de laudo preliminar no flagrante — previsto no Pacote Anticrime (Lei 13.964/2019) — e a juntada de provas sem ciência da defesa.
Em nota, a defesa afirmou que “nenhum processo pode prosperar sem a ciência da parte sobre a prova que lhe imputa o crime. É um vício insanável e a Justiça pode, finalmente, reconhecer isso”.
Outro ponto levantado pela defesa é a forma como o caso foi conduzido pela Polícia Civil. Ainda na fase inicial, antes mesmo de uma sentença definitiva, houve intensa exposição midiática que, segundo advogados, contribuiu para um pré-julgamento público da família.
O caso
Djidja Cardoso, empresária e ex-sinhazinha do Boi Garantido, foi encontrada morta em maio do ano passado dentro de casa, em Manaus. O caso repercutiu nacionalmente por conta de drogas, religião e crimes como tráfico e associação para o tráfico.
Mãe e irmão da ex-sinhazinha, Cleusimar e Ademar Cardoso foram presos durante a Operação Mandrágora, deflagrada pela Polícia Civil do Amazonas, apontados como integrantes de um grupo religioso denominado “Pai, Mãe, Vida”, suspeito de convencer seguidores a acreditar que o uso da droga cetamina iria ajudá-los a transcender para outra dimensão e alcançar a salvação espiritual.
Ainda segundo as autoridades, os presos eram supostos responsáveis por fornecer e aplicar a droga cetamina durante os rituais religiosos.
Veja abaixo como foi a condenação dos réus*:
- Cleusimar Cardoso Rodrigues (mãe de Djidja): condenada por tráfico de drogas e associação para o tráfico – total das penas: 10 anos, 11 meses e 8 dias de reclusão;
- Ademar Farias Cardoso Neto (irmão de Djidja): condenado por tráfico de drogas e associação para o tráfico – total das penas: 10 anos, 11 meses e 8 dias de reclusão;
- José Máximo Silva de Oliveira (dono de uma clínica veterinária que fornecia a cetamina): condenado por tráfico de drogas e associação para o tráfico – total das penas: 10 anos, 11 meses e 8 dias de reclusão;
- Sávio Soares Pereira (sócio de José Máximo na clínica veterinária): condenado por tráfico de drogas e associação para o tráfico – total das penas: 10 anos, 11 meses e 8 dias de reclusão;
- Hatus Moraes Silveira (coach que se passava por personal da família de Djidja): condenado por tráfico de drogas e associação pra o tráfico – total das penas: 10 anos, 11 meses e 8 dias de reclusão;
- Verônica da Costa Seixas (gerente de uma rede de salões de beleza da família de Djidja): condenada por tráfico de drogas e associação para o tráfico – total das penas: 10 anos, 11 meses e 8 dias de reclusão;
- Bruno Roberto da Silva Lima (ex-namorado de Djidja): também condenado por tráfico de drogas e associação para o tráfico – total das penas: 10 anos, 11 meses e 8 dias de reclusão.
(*) Com informações do G1