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terça-feira, setembro 2, 2025

Barroso afirma que julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe será conduzido com serenidade

Presidente do STF destaca que processo histórico seguirá princípios constitucionais, apesar de pressões externas

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O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, afirmou no último domingo (1º), durante palestra no Rio de Janeiro, que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete réus no processo sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022 será conduzido com “serenidade” e sem interferências externas.

Barroso destacou que o papel do Judiciário é aplicar a Constituição e a legislação vigente, reforçando que a Corte tem a missão de servir ao Brasil mesmo diante de casos de grande complexidade. Por ocupar a presidência do STF, ele não participará da análise, que será conduzida pela Primeira Turma da Corte, em sessões previstas para os dias 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro, sempre às 9h.

“O papel do Judiciário é julgar os casos que lhe são apresentados. Vale para plataformas digitais, vale para uma denúncia criminal feita pelo procurador-geral da República. O julgamento precisa ser feito com absoluta serenidade, mas cumprindo o que diz a Constituição, sem interferências, venha de onde vier. A gente está lá para cumprir uma missão difícil, mas que é a missão de servir ao Brasil”, afirmou o ministro.

Durante sua fala, Barroso lembrou que o Brasil tem um histórico marcado por golpes e tentativas de ruptura institucional, mas ressaltou que, desde a promulgação da Constituição de 1988, o país viveu 40 anos de estabilidade democrática. Ele defendeu que o julgamento de tentativas de golpe é essencial para “encerrar o ciclo do atraso” e assegurar que divergências políticas se mantenham dentro das regras do jogo democrático.

“A história do Brasil sempre foi história de golpes, contragolpes e tentativas de quebra institucional. Temos, desde a redemocratização, 40 anos de estabilidade institucional. Se comprovar que houve tentativa golpe, o julgamento ainda vai ocorrer, acho que é muito importante julgar, encerrar o ciclo do atraso no país e ter a consciência de que a divergência, que é legitima e desejável em uma democracia, deve se manifestar dentro das regras do jogo”, destacou.

Pressões internacionais

O julgamento ocorre em meio a tensões políticas. O governo dos Estados Unidos adotou medidas de retaliação contra ministros do STF, como a suspensão de vistos de oito magistrados e a inclusão do relator, Alexandre de Moraes, na chamada Lei Magnitsky. Internamente, apoiadores de Bolsonaro questionam a imparcialidade do processo, entre eles o deputado Eduardo Bolsonaro, que tem buscado apoio nos EUA contra a Corte.

O processo envolve oito réus acusados de crimes como organização criminosa, tentativa de golpe de Estado e incitação à ruptura do Estado Democrático de Direito. Além de Jair Bolsonaro, estão no banco dos réus:

  • Walter Braga Netto – Ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente em 2022.

  • Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira – Ex-comandante do Exército.

  • Almir Garnier Santos – Ex-comandante da Marinha.

  • Augusto Heleno – Ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional.

  • Anderson Torres – Ex-ministro da Justiça e Segurança Pública.

  • Alexandre Ramagem – Ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

  • Mauro Cid – Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

As denúncias se baseiam em investigações da Polícia Federal que apontaram a existência de um plano para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva em 2023.

Como será o julgamento

O julgamento é conduzido pela Primeira Turma do STF, composta pelos ministros Alexandre de Moraes (relator), Cármen Lúcia, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Luiz Fux. O procedimento segue o rito de uma ação penal.

Em um primeiro momento, o relator apresenta um resumo das acusações, provas e depoimentos. Em seguida, a Procuradoria-Geral da República (PGR) e as defesas expõem seus argumentos durante as sustentações orais.

Após o pronunciamento das partes, cada ministro profere seu voto, iniciando pelo relator. Em seguida, a maioria define absolvição ou condenação. Caso condenados, as penas serão aplicadas na mesma fase, podendo chegar a até 12 anos de prisão por tentativa de golpe, além de outras punições previstas em lei.

O caso é considerado histórico, já que é a primeira vez que um ex-presidente brasileiro enfrenta julgamento no STF por tentativa de golpe de Estado.

Com informações da Agência Brasil

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