A indicação de Antônio Mathias Nogueira Moreira para a diretoria da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) gerou controvérsia após a revelação de que ele já foi demitido por justa causa do Banco do Brasil e firmou um acordo de não persecução penal por prejuízo à Caixa Econômica Federal. Apesar do histórico, Moreira teve seu nome aprovado pelo Senado em votação apertada nesta terça-feira (19).
Demissão no Banco do Brasil
Em 2011, quando atuava como gerente na agência do Banco do Brasil em Sento Sé, na Bahia, Moreira foi demitido por autorizar empréstimos considerados irregulares para uma empresa ligada a familiares. Uma auditoria interna apontou prejuízo de cerca de R$ 350 mil. Embora a Justiça não tenha encontrado provas suficientes para responsabilizá-lo financeiramente, a demissão foi mantida em instâncias trabalhistas, inclusive no Tribunal Superior do Trabalho (TST).
Acordo na Caixa
No ano seguinte, Moreira ingressou na Caixa Econômica Federal por concurso. Em 2020, já no banco, ele foi alvo de investigação do Ministério Público Federal (MPF) sob suspeita de fraude em uma agência em Amélia Rodrigues, também na Bahia. O MPF apontou que ele teria falsificado documentos e usado dados falsos para liberar empréstimos a uma empresa de sua propriedade. Para evitar processo criminal, Moreira firmou um acordo de não persecução penal, pagando o equivalente a dois salários mínimos e assumindo compromissos formais com a Justiça. A Caixa aplicou apenas uma advertência.
Carreira e indicação à ANAC
Apesar dos episódios, Moreira seguiu carreira em cargos estratégicos: atualmente é diretor-executivo de Governança, Integridade e Riscos da Caixa Cartões, preside o conselho de administração da Infra S.A. e integra o conselho fiscal da BRF. Sua indicação à ANAC foi formalizada em julho de 2025, para substituir Ricardo Catanant.
Na Comissão de Infraestrutura, Moreira foi sabatinado e aprovado, mas sua confirmação em plenário ocorreu com margem estreita: 28 votos favoráveis e 23 contrários. Senadores como Eduardo Girão (Novo-CE) e Sergio Moro (União-PR) criticaram a escolha, afirmando que agências reguladoras exigem dirigentes com reputação ilibada e experiência técnica na área. Já o senador Rogério Carvalho (PT-SE) defendeu a aprovação, alegando que a análise das informações pessoais do indicado já havia sido feita pela comissão.