A menos de 100 dias da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), marcada para acontecer entre os dias 10 e 21 de novembro, em Belém (PA), o alto do preço das hospedagens voltou a ser um dos principais pontos de tensão entre a organização do evento e as delegações internacionais.
O tema ganhou nova repercussão após uma reunião de emergência realizada no último dia 29 de julho, convocada por representantes de países participantes junto à Organização das Nações Unidas (ONU), para discutir os valores considerados abusivos em hotéis da cidade. Delegações da Europa, África, pequenos estados insulares e países menos desenvolvidos manifestaram preocupação com os custos, que chegam a ultrapassar os limites legais de hospedagem previstos por legislações nacionais.
A média de preços – visualizada em sites de hospedagens – para um período de 10 dias varia de R$ 10 mil e pode ultrapassar os R$ 500 mil, o que reacendeu o debate sobre a viabilidade da capital paraense como sede do encontro.
Em abril, a reportagem do UOL revelou que países europeus chegaram a reduzir o número de representantes por causa dos altos preços. Em alguns casos, o custo para alugar uma cabine de navio chega a US$ 1.000 por noite (cerca de R$ 5,9 mil), valor que compromete a permanência de muitos representantes durante os 12 dias de conferência.
Na época, o governo brasileiro sugeriu, inclusive, o compartilhamento de quartos e cabines entre diplomatas de diferentes países. A proposta, no entanto, foi recebida com críticas, especialmente de países africanos que afirmam não estar dispostos a reduzir suas delegações.
Sob Críticas
Mesmo diante das críticas e da pressão internacional, o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, afirmou na última sexta-feira (1º), que não há possibilidade de mudança da sede. “A COP vai ser em Belém. Não há plano B”, afirmou, reiterando o compromisso do governo em garantir a presença de todos os países, com foco especial nos mais pobres.
Corrêa do Lago explicou que o governo brasileiro está trabalhando para garantir diárias que variem entre US$ 100 e US$ 600 (R$ 554 a R$ 3.327), valor ainda distante da realidade atual de Belém. A diária oferecida pela ONU, que gira em torno de US$ 143 a US$ 149, não é suficiente para arcar com os preços praticados durante o evento.
Medidas emergenciais
A Secretaria Extraordinária da COP30 informou que 2.500 quartos já foram reservados para 73 países classificados como mais vulneráveis. Cada um desses países terá direito a 15 quartos com tarifas controladas. Outros 10 quartos, com valores um pouco mais altos, serão destinados às demais delegações.
Além disso, o governo federal negocia com plataformas como Airbnb e Booking para ampliar a oferta de hospedagens em Belém. Dois navios cruzeiro também servirão como hotéis temporários, acrescentando cerca de 6 mil leitos à rede hoteleira local.
Belém contará ainda com três novos hotéis de alto padrão, construídos por redes internacionais, para atender à demanda da COP30. Atualmente, a capital paraense possui cerca de 18 mil leitos formais, número considerado insuficiente para o público estimado de 45 mil participantes.
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