Uma mulher de 35 anos foi brutalmente agredida pelo namorado dentro de um elevador em Natal, no Rio Grande do Norte, no último sábado (26). O caso, registrado por câmeras de segurança, escancara a escalada da violência contra a mulher no país. A vítima, identificada como Juliana Garcia dos Santos, foi atingida por mais de 60 socos no rosto e no corpo por Igor Eduardo Pereira Cabral, de 29 anos, seu então namorado. As imagens mostram o momento em que o casal discute e, após o fechamento da porta do elevador, o agressor inicia o ataque.
Juliana sofreu múltiplas fraturas no rosto e no maxilar, ficou com o rosto coberto de sangue e precisou ser encaminhada ao hospital. Ela deve passar por cirurgia nos próximos dias. A agressão ocorreu dentro de um condomínio no bairro de Ponta Negra, na Zona Sul de Natal.
Igor Cabral foi contido por moradores assim que o elevador chegou ao térreo. A Polícia Militar foi acionada pelo segurança do prédio, que acompanhava as imagens em tempo real, e prendeu o agressor em flagrante. Após audiência de custódia, a Justiça manteve a prisão preventiva e ele foi encaminhado ao sistema prisional. O caso é investigado como tentativa de feminicídio pela Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher das Zonas Leste, Oeste e Sul (DEAM/ZLOS).
Aumento do feminicídio
A brutalidade do episódio ocorre em um cenário alarmante. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025, o Rio Grande do Norte registrou um crescimento de 71% nas tentativas de feminicídio entre 2023 e 2024, passando de 39 para 67 casos. Os registros de violência doméstica também aumentaram: foram 1.221 ocorrências em 2024, alta de 3% em relação ao ano anterior.
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No plano nacional, os dados são igualmente preocupantes. O Brasil contabilizou 1.492 feminicídios em 2024, o maior número desde a criação da legislação específica para o crime, em 2015. O número representa um aumento de 1% em relação a 2023. Segundo o levantamento, 64% das vítimas eram mulheres negras, 70% tinham entre 18 e 44 anos, e 64% foram assassinadas dentro de casa. Em 97% dos casos, o autor era um homem, sendo 80% companheiros ou ex-companheiros. Em quase metade dos crimes (48%), a arma utilizada foi uma faca ou outro objeto perfurante.
Outro dado que preocupa é o descumprimento de medidas protetivas. O Fórum de Segurança Pública aponta que, entre 2023 e 2024, ao menos 121 vítimas de feminicídio tinham alguma ordem judicial em vigor. Só em 2024, cerca de 100 mil medidas protetivas foram violadas no país.