Com o silêncio da Casa Branca em relação à abertura de diálogo com o Brasil e a aproximação do dia 1º de agosto, cresce a incerteza sobre o impacto das tarifas impostas pelo presidente americano Donald Trump.
Na quarta-feira (23), o ministro da Economia, Fernando Haddad, reiterou que o Brasil continua tentando negociar com os Estados Unidos. No entanto, ele admitiu que a Casa Branca tem impedido qualquer avanço nas tratativas. Apesar das dificuldades, o ministro afirmou acreditar que ainda haja espaço para uma negociação.
Diante da indefinição quanto à aplicação das tarifas americanas sobre produtos brasileiros, o especialista Helso Ribeiro comentou que a taxação entre economias é algo comum, mas que a situação do Brasil difere das tarifas anteriores aplicadas por Trump.
“Nas relações internacionais, é comum que haja taxações de um país sobre o outro. O que não é comum é alguém simplesmente acordar um dia e aumentar 50% por uma questão política, de simpatia ou antipatia. E foi exatamente isso que ocorreu num primeiro momento”, disse.
O especialista também abordou o discurso de políticos da oposição que tentam responsabilizar o presidente Lula (PT) pela imposição das tarifas. “Pessoas ligadas ao ex-presidente Bolsonaro, como o próprio governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, num primeiro momento culparam Lula. Depois, ao perceberem os impactos que isso poderia causar na economia — especialmente no estado de São Paulo, cujo maior parceiro comercial é os Estados Unidos — mudaram o tom”, afirmou.
Segundo Ribeiro, os Estados Unidos são o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China e da União Europeia. Diante dessa posição estratégica, ele acredita que a diplomacia brasileira pode ajudar a amenizar os efeitos das sanções impostas.
“Essa tentativa de colocar a culpa em Lula é uma forma de buscar um culpado. É aquela ideia: ‘o inferno são os outros’. Esperamos que a diplomacia brasileira consiga minimizar esse tipo de conduta, porque não será bom para o Brasil, com certeza”, opinou.
Ainda segundo o especialista, caso o Brasil adote uma política de reciprocidade, a relação com os Estados Unidos pode se deteriorar ainda mais:
“Se houver uma política de equivalência, acredito que a situação pode piorar. Os Estados Unidos são o país mais rico do mundo. Em uma queda de braço como essa, eles tendem a perder muito menos do que o Brasil. Vamos aguardar e ver qual será o encaminhamento.”
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