O programa Debate Político, do portal O Convergente, recebeu o ex-deputado federal Marcelo Ramos (PT) para uma entrevista exibida no último dia 24. A conversa, conduzida pela jornalista Letícia Barbosa, foi ao ar pelo canal 8.2 da TV aberta e no YouTube da Rede Onda Digital, com exibição semanal às terças-feiras, às 20h30.
Abrindo a entrevista no Debate Político, Marcelo Ramos comentou os resultados das eleições municipais de 2024, quando disputou o cargo de prefeito de Manaus. Ele classificou a candidatura como uma oportunidade de se reconectar com a cidade.
“Depois da eleição de 2022, quando não fui reeleito deputado federal, carreguei muitas dores daquele processo e mudei grande parte da minha vida para Brasília. […] O presidente Lula me pediu para ser candidato [em 2024], mesmo sem um preparo ideal para aquela eleição. Aceitei com o objetivo de me reconectar com a cidade e de oferecer uma alternativa progressista para Manaus”, afirmou.
Contra a polarização
Ao ser questionado sobre a polarização entre Lula e Bolsonaro na capital amazonense, Ramos lembrou que Manaus já votou majoritariamente em ambos os lados.
“Manaus já deu vitória estrondosa para o Lula e para a Dilma. Mais recentemente, para o Bolsonaro. As pessoas querem enxergar em alguém a realização dos seus sonhos e esperanças. A eleição de 2022 foi um dos momentos mais difíceis para o PT e para o Lula. A de 2026 será diferente, com um novo contexto, inclusive com a Zona Franca em seu melhor momento”, avaliou.
Para Ramos, é necessário superar a dicotomia Lula versus Bolsonaro e voltar o foco para os problemas reais da população.
“Acho que a população não vai escolher entre Lula ou Bolsonaro, mas sim quem pode melhorar sua vida. Temos que parar de pensar política sem olhar para as pessoas. A política só tem sentido se for para melhorar a vida das pessoas. Ainda vivemos um ambiente polarizado, mas o que pode resolver isso é uma decisão racional, focada no bem comum.”
Pré-candidatura ao Senado
No Debate Político, o ex-deputado Marcelo Ramos também confirmou sua pré-candidatura ao Senado Federal nas eleições de 2026.
“Disputar uma eleição me tira da zona de conforto, mas sou militante desde cedo. Não posso dizer que minha vida está resolvida e esquecer das pessoas. Quero ajudar o povo do meu estado”, declarou.
Ele defendeu a necessidade de uma candidatura progressista ao Senado pelo Amazonas.
“Não posso permitir que cheguemos em 2026 sem uma candidatura ao Senado com perfil democrático e progressista. Precisamos de uma candidatura com esse viés e não tenho o direito de me omitir diante disso.”
Ramos ainda criticou eventuais candidaturas que, segundo ele, priorizam “lacração” e visibilidade na internet.
“Nós não podemos permitir que a vaga do Amazonas ao Senado, que é tão central para disputa política em defesa do nosso estado, seja ocupada para quem quer fazer lacração ou recorte na internet”, completou.
O petista também falou sobre a pré-candidatura do senador Eduardo Braga (MDB), que é considerado um dos nomes de apoio do presidente Lula. Ramos afirmou que sua pré-candidatura também tem aval do presidente.
“O Senado terá duas vagas. Eduardo Braga é, naturalmente, um dos candidatos da base do governo. Mas é natural que o PT também tenha sua candidatura. Não há contradição. Não faria esse movimento sem antes conversar com o presidente Lula”, pontuou.
BR-319
Questionado sobre a BR-319, Ramos defendeu a pavimentação da estrada e rebateu argumentos de que a obra causa desmatamento.
“O maior desmatamento ocorre justamente onde a rodovia não é asfaltada. Então a culpa não é do asfalto!”, declarou.
Ele também criticou a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, por manter um posicionamento contrário à obra.
“Essa posição dela não é nova. Considero equivocada. Acredito que o presidente Lula vai mediar esse impasse dentro do governo para que a BR-319 saia do papel.”
Jogo das Cartas
Durante o quadro Jogo das Cartas do Debate Político, Ramos comentou sobre figuras da política amazonense. Sobre o senador Omar Aziz (PSD), disse acreditar que o prefeito David Almeida (Avante) deve manter o compromisso com o grupo político.
“Acredito que o prefeito David tem um compromisso com o grupo e vai honrá-lo. Omar apoiou a reeleição dele e é natural que ele retribua esse apoio.”
Ramos também elogiou a atuação de Omar no Congresso Nacional, especialmente em defesa da Zona Franca de Manaus. “O senador foi crucial na retomada do debate sobre a reforma tributária. Sem Omar e Eduardo Braga, teríamos sido atropelados.”
Ao falar sobre David Almeida, classificou o prefeito como “melhor do que os antecessores”, mas apontou falhas.
“Se eu achasse que ele era o melhor para Manaus, não teria disputado contra ele. Respeito o resultado das urnas, mas acho que faltam cuidado e presença na vida das pessoas. A cidade precisa mais do que obras: precisa de atenção cotidiana.”
A outra imagem sorteada foi da pré-candidata Maria do Carmo Seffair (PL). “Como política, não há como avaliar porque nunca exerceu cargo. Como empresária, administra um grande negócio — que funciona com dinheiro público, aliás, o mesmo que ela critica. Em 2024, disse que seria candidata, mas virou apoio do Alberto Neto. Não dá para saber se será mesmo candidata em 2026.”
A última carta sorteada foi a do senador Plínio Valério (PSDB) que, para Ramos, é um político que contribui pouco para o Amazonas.
“O senador Plínio Valério é alguém que contribui muito pouco para o Amazonas no Senado. E essa é a mesma opinião que ele próprio parece ter, já que afirmou não entender porcaria nenhuma sobre a Zona Franca. […] A forma desrespeitosa e lacradora com que trata a ministra Marina mostra que ele escolheu um caminho que pouco agrega ao nosso Estado.”
Confira o programa na íntegra:
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