O Irã prometeu uma “punição” severa após os ataques coordenados pelos Estados Unidos contra três instalações nucleares em seu território, elevando drasticamente a tensão no Oriente Médio. A declaração foi feita neste domingo, 23, pelo líder supremo iraniano, Aiatolá Ali Khamenei, em sua primeira manifestação pública desde a ofensiva militar americana.
Em postagem no X (antigo Twitter), Khamenei divulgou uma imagem de um crânio em chamas acompanhada de uma mensagem em farsi:
“A punição continua. O inimigo sionista cometeu um erro grave, cometeu um grande crime; ele deve ser punido e está sendo punido; está sendo punido agora mesmo.”
A mensagem foi interpretada como uma ameaça direta tanto aos Estados Unidos quanto a Israel, aliado estratégico de Washington e parte central da escalada recente. A retórica de Khamenei confirma que Teerã prepara uma resposta militar ao ataque de sábado, considerado um dos mais agressivos contra o programa nuclear iraniano nos últimos anos.
Irã critica EUA e rejeita diplomacia
Pouco antes, o embaixador do Irã na ONU, Amir-Saeid Iravani, havia deixado claro que a reação não seria apenas verbal. Segundo ele, as forças armadas iranianas irão decidir a escala da resposta aos bombardeios americanos.
“Mais uma vez, o criminoso de guerra procurado internacionalmente, [o primeiro-ministro israelense Benjamin] Netanyahu, conseguiu sequestrar a política externa dos EUA, arrastando os Estados Unidos para mais uma guerra custosa e sem fundamento.”
Iravani ainda acusou Washington de agir de forma “imprudente” e de sacrificar a própria segurança para proteger Israel. Ele reiterou o “direito legítimo” do Irã de se defender contra agressões e afirmou que Teerã rejeita a atual “oferta de diplomacia” nas negociações nucleares, classificando-a como uma “estratégia para enganar a comunidade internacional”.
Os ataques dos EUA
Na noite de sábado, 21, os Estados Unidos lançaram ataques aéreos contra três instalações nucleares iranianas: Fordow, Natanz e Isfahan. O presidente Donald Trump confirmou a ação em pronunciamento na Casa Branca, classificando-a como um “sucesso militar espetacular”.
“O alvo dessa noite foi o mais difícil e letal. Esperamos que não sejam necessárias novas ações. Mas, se não houver paz, ataques futuros serão muito maiores e mais fáceis”, declarou Trump.
Segundo ele, o objetivo da operação foi “destruir a capacidade de enriquecimento nuclear do Irã” e impedir o que chamou de “ameaça atômica por parte do principal Estado patrocinador do terrorismo”.
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Em postagem anterior na rede Truth Social, Trump destacou que os três locais atingidos são amplamente conhecidos pela comunidade internacional:
“Todos ouviram esses nomes por muitos anos enquanto eles desenvolveram esse horrível e destrutivo empreendimento.”
Apoio de Israel e ameaça de conflito regional
A ofensiva americana ocorre após Israel ter lançado, em 12 de junho, ataques preventivos contra o Irã, alegando que o país persa se aproximava de um ataque nuclear. Desde então, os esforços diplomáticos para restaurar o acordo nuclear com o Irã, que previa o uso pacífico da energia atômica, vinham perdendo força.
Trump aproveitou a ocasião para exaltar sua aliança com Israel e elogiar diretamente o premiê Benjamin Netanyahu.
“Nosso trabalho conjunto é como nenhum outro”, afirmou.
Netanyahu, por sua vez, celebrou os ataques e declarou, também no X, que a operação americana deste sábado “mudaria a história”.
Rumo incerto
Com a retaliação iraniana iminente e o colapso das negociações diplomáticas, a perspectiva de uma nova guerra no Oriente Médio preocupa governos em todo o mundo. O conflito atual marca uma perigosa reconfiguração nas relações entre Teerã, Washington e Tel Aviv, abrindo espaço para um confronto de consequências imprevisíveis.
Com informações da CNN