Faltando menos de seis meses para Belém sediar a COP30, o governo do Pará, liderado por Helder Barbalho (MDB), assinou um aditivo de contrato no valor de R$ 28,3 milhões com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). A renovação foi publicada no Diário Oficial do Estado em 19 de maio de 2025 e prevê a continuidade da prestação de serviços logísticos à saúde estadual por mais 12 meses, até maio de 2026.
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O contrato, originalmente firmado em 2021, foi prorrogado por meio do 5º Termo Aditivo ao Contrato nº 039/2021. A empresa responsável pelos serviços é a R.V. Imola Transportes e Logística Ltda, do empresário Roberto Vilela, que continuará encarregada da gestão e operação física de medicamentos, materiais hospitalares, odontológicos e suplementos alimentares da rede estadual.
Assinado pelo secretário adjunto de Gestão Administrativa da Sespa, Edney Mendes Pereira, o aditivo mantém o valor global do contrato em R$ 28.387.472,71. Segundo o documento, os recursos são oriundos de fontes federais e estaduais, vinculadas às ações de saúde previstas no orçamento do estado.
A empresa
Fundada em 2010, a R.V. Imola Transportes e Logística Ltda tem sede em Guarulhos, no Estado de São Paulo. Segundo dados da Receita Federal, o empreendimento tem como atividade econômica principal o transporte rodoviário de carga, exceto produtos perigosos e mudanças, intermunicipal, interestadual e internacional.
Com atividades secundárias, e empresa atua em diversos segmentos como o atacadista de cosméticos e produtos de perfumaria, transporte por navegação interior de carga, municipal e aluguel de outras máquinas e equipamentos comerciais e industriais.
Ainda segundo a Receita Federal, a Imola Transporte e Logística Ltda é administrada pelo empresário Roberto Vilela, tem R$ 24,8 milhões de capital social.
Véspera da COP
O gasto ocorre em meio a um cenário político turbulento para Helder Barbalho e à intensa preparação para a COP30 — a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que ocorrerá em novembro na capital paraense. O governador será o principal anfitrião do evento, que reunirá líderes mundiais e delegações de mais de 190 países.
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Nomes como o do presidente francês Emmanuel Macron e até o presidente Donald Trump, dos EUA, devem estar no evento, colocando o Estado Pará no centro das atenções globais. Apesar da relevância da COP30, o estado ainda lida com problemas estruturais.
Conforme mostrou O Convergente, há denúncias sobre a insuficiência da rede hoteleira para comportar os participantes e sobre preços abusivos cobrados por estabelecimentos locais. A infraestrutura urbana da capital também é alvo de críticas, especialmente diante dos recursos vultosos que estão sendo movimentados pelo Executivo estadual.
Barbalho também enfrenta questionamentos do Ministério Público Federal (MPF) e da Defensoria Pública da União (DPU), que solicitaram à Justiça o bloqueio de suas redes sociais oficiais. O motivo: o descumprimento de decisão judicial que determinava a publicação de um vídeo com direito de resposta de povos indígenas, após ocupações e protestos envolvendo a Secretaria de Educação do estado.
Além disso, o governador tem sido alvo de críticas pelo alto endividamento do estado. Em abril, a Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) aprovou um novo pedido de empréstimo de até R$ 3,8 bilhões, elevando o potencial de endividamento do governo estadual para mais de R$ 21 bilhões.
A oposição classificou a medida como um “cheque em branco”, destacando a falta de transparência sobre a destinação dos recursos. Segundo levantamento da revista Veja, somente nos últimos dois anos o governo do Pará já teve aprovados mais de R$ 13 bilhões em empréstimos, destinados a áreas como educação, mobilidade urbana, infraestrutura e saúde.
Outro lado
O Convergente entrou em contato com o Governo do Pará para solicitar um posicionamento sobre o novo gasto milionário e como o recurso será empregado. A reportagem também buscou manifestação da empresa contratada. Até a publicação, sem retorno. O espaço, contudo, segue aberto para devidos esclarecimentos.
Confira o contrato na íntegra:
Por: Bruno Pacheco
Ilustração: Marcus Reis
Revisão Jurídica: Letícia Barbosa