O ex-governador do Amazonas, economista e professor José Melo defendeu, ao portal O Convergente, o Projeto Potássio em Autazes e a importância estratégica do empreendimento para o Brasil. Para Melo, a iniciativa tem mínimo impacto ambiental e a exploração do segmento é um direito do município.
Ao rebater críticas quanto aos impactos ambientais do projeto, o economista destacou que a área onde será implantada a planta industrial da Potássio do Brasil, em Autazes, já se encontra antropizada.
“O nosso país é o segundo maior comprador de potássio do planeta e, hoje, com a produção de Sergipe, importa em torno de 95% do que precisa. O local em Autazes onde se pretende implantar a planta industrial já está antropizado, portanto, não haverá necessidade de suprimir significativa quantidade de árvores (mínima agressão ao meio ambiente)”, destacou o ex-governador José Melo, ao portal O Convergente.
Nessa sexta-feira, 11, o projeto ganhou passo importante na articulação institucional do município para garantir apoio à iniciativa: o prefeito de Autazes, Thomé Neto, apresentou o programa ao presidente do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), desembargador Jomar Fernandes. Vale lembrar que projeto conta com investimentos previstos de até US$ 2,5 bilhões (cerca de R$ 13 bilhões) e já obteve licença ambiental para instalação da planta industrial na cidade.
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Para o governador José Melo, que já defendeu anteriormente o direito do Brasil de explorar seus recursos naturais como forma de beneficiar a população local, o mineral existente na região de Autazes é fundamental para o desenvolvimento do município.
“Em Autazes, existe uma rocha chamada Silvinita, que é composta pelo nosso sal de cozinha e pelo cloreto de potássio. Quando tratado, se transforma em fertilizante, um dos principais componentes do NPK, essencial para a fertilização do solo. Isso enriquece a terra e melhora a produtividade dos produtos agrícolas”, enfatizou.

Um dos principais obstáculos ao avanço do projeto, segundo o ex-governador, está na questão fundiária e na presença de povos tradicionais.
“O único problema é em relação aos povos tradicionais, os Muras, que reivindicam aquelas terras e pedem sua demarcação, alegando que seus ancestrais viviam lá. É quase impossível encontrar um pedaço de terra no Amazonas onde não haja vestígios indígenas, pois eram povos nômades que viviam por todo canto”, comentou.
José Melo lembrou que o contexto internacional também reforça a urgência de tornar o Brasil mais autossuficiente na produção de potássio. “Com a guerra entre Rússia e Ucrânia, o preço da tonelada triplicou. Saiu de US$ 300 para US$ 1.100. Isso encareceu o cultivo de grãos e feitas, e, por via de consequência, também o preço das carnes, já que os animais são alimentados com milho ou farelo de soja.”
A iniciativa
O Projeto Potássio Autazes promete transformar a economia do Amazonas, com investimentos previstos de até US$ 2,5 bilhões (cerca de R$ 13 bilhões). A iniciativa começou a tomar forma concreta em abril de 2024, quando o governador Wilson Lima entregou a licença ambiental para a instalação da planta industrial no município, destravando um processo que se arrastava há 15 anos.
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A mina de Silvinita, que será a maior do país, deve gerar 2,6 mil empregos diretos apenas na fase de construção, ao longo dos próximos quatro anos e meio. Segundo o ex-governador José Melo, o Projeto Potássio Autazes poderia gerar mais de 17 mil empregos diretos e indiretos, beneficiando não só Autazes, mas também os municípios de Nova Olinda do Norte, Borba, Careiro Castanho, Manaquiri, Careiro da Várzea e Itacoatiara.
O potássio é essencial para a produção de fertilizantes usados na agricultura. Hoje, o Brasil importa cerca de 95% do potássio que consome. Com a produção iniciada em Autazes, estima-se que o país poderá suprir até 20% da sua demanda, reduzindo a dependência externa e fortalecendo a segurança alimentar.