O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, foi destituído do cargo pela Corte Constitucional do país após quase quatro meses do mandatário ter decretado lei marcial no país. A decisão confirmou na última sexta-feira, 4, o impeachment aprovado anteriormente pelo parlamento sul-coreano.
Com a saída do presidente, a Constituição do país determina que uma nova eleição presidencial ocorra em até 60 dias. Enquanto isso, o primeiro-ministro Han Duck-soo assumirá o cargo de forma interina, de acordo com a imprensa da Coreia do Sul.
Segundo Moon Hyung-bae, presidente interino da Suprema Corte, Yoon violou gravemente os limites de sua função, gerando instabilidade em diversas áreas da sociedade. A Corte considerou que o ex-presidente cometeu traição à confiança do povo sul-coreano, e a decisão de destituí-lo foi unânime entre os oito juízes responsáveis pelo julgamento.
Ao final do anúncio, milhares de cidadãos celebraram nas ruas a saída definitiva do presidente, com gritos de vitória.
Yoon enfrenta ainda um processo criminal pelas acusações de insurreição. Ele foi preso em 14 de janeiro deste ano, mas acabou libertado em março, enquanto o caso ainda tramita na Justiça.
O episódio mais grave de sua gestão ocorreu em 3 de dezembro, quando Yoon decretou lei marcial sob a alegação de que a oposição estaria colaborando com a Coreia do Norte. A medida foi rejeitada pelos parlamentares e considerada inconstitucional poucas horas depois.
Na ocasião, forças especiais invadiram o parlamento e confrontaram manifestantes e políticos, tentando impedir a realização de uma sessão de emergência. Apesar da tensão e do bloqueio ao prédio, os deputados conseguiram se reunir e votar contra a medida autoritária, anulando oficialmente a lei marcial. Imagens transmitidas por emissoras sul-coreanas mostraram soldados retirando à força parlamentares do local.
A lei marcial é uma medida extrema que transfere temporariamente o controle do país das autoridades civis para os militares. Ao ser aplicada, ela suspende o funcionamento do parlamento e limita liberdades civis.
Desde o fim da ditadura militar na década de 1980, essa foi a primeira vez que a Coreia do Sul vivenciou a instauração de tal medida. O episódio marcou um dos momentos mais críticos da democracia sul-coreana nas últimas décadas.
(*) Com informações da BBC e CNN
