O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quarta-feira (26) que a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) tem “pressa” para analisar a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra ele e seu grupo mais próximo, investigados no inquérito sobre um suposto plano de golpe de Estado.
“Estão com pressa. Muita pressa. O processo contra mim avança a uma velocidade 14 vezes maior que o do Mensalão e pelo menos 10 vezes mais rápida que o de Lula na Lava Jato”, disse Bolsonaro em publicação no X (antigo Twitter).
STF torna Bolsonaro e aliados réus
Nesta tarde, por decisão unânime, a Primeira Turma do STF aceitou a denúncia da PGR contra Bolsonaro e outras sete pessoas, incluindo ex-ministros, assessores e ex-comandantes militares. Com isso, todos se tornam réus e responderão a um processo judicial, que pode resultar em condenação ou absolvição, dependendo do julgamento final.
Bolsonaro criticou a decisão, afirmando que a ação tem motivações políticas e que seu objetivo seria impedir sua participação nas eleições de 2026.
“Querem impedir que eu chegue livre às eleições porque sabem que, numa disputa justa, não há candidato capaz de me vencer”, declarou.
Ele ainda classificou o julgamento como um “teatro processual” e disse que o processo seria uma estratégia para interferir na dinâmica política e eleitoral do país.
“A julgar pelo que lemos na imprensa, estamos diante de um julgamento com data, alvo e resultado definidos de antemão. Algo que seria um teatro processual disfarçado de Justiça – não um processo penal, mas um projeto de poder”, disse.
Bolsonaro acompanha julgamento no Senado
Na quarta-feira, Bolsonaro acompanhou o julgamento do STF no gabinete de seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). No dia anterior, ele foi ao plenário do Supremo para assistir à primeira sessão do caso, acompanhado de parlamentares aliados.
O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, destacou declarações do ex-presidente como indícios de que ele teria envolvimento direto no plano golpista investigado pela PGR.
Bolsonaro, no entanto, manteve seu discurso de que a Justiça brasileira estaria agindo com viés político para impedi-lo de concorrer novamente ao Palácio do Planalto.
“A ironia é que, quanto mais atropelam regras, prazos e garantias para tentar me eliminar, mais escancarado fica o medo que eles têm das urnas e da vontade do povo. Se realmente acreditassem na democracia que dizem defender, me enfrentariam no voto, não no tapetão”, disse.
Nas redes sociais, ele também mencionou um suposto interesse da comunidade internacional no julgamento, alegando que o mundo estaria acompanhando o caso como um exemplo de perseguição política e seletividade judicial.
“O mundo está atento. A comunidade internacional acompanha essa perseguição seletiva, as acusações vagas de ‘extremismo’ e de ‘ameaça à democracia’ e a tentativa de eliminar a oposição por via judicial”, escreveu.