No episódio da nova temporada do programa “Debate Político”, O Convergente recebeu, nesta terça-feira (9), o ex-deputado federal e um dos nomes a disposição do PT para pré-candidato a prefeito de Manaus, Marcelo Ramos, que falou sobre o convite para se filiar ao PT e o atual cenário político amazonense. O programa é apresentado pela CEO da empresa, Erica Lima Barbosa, e exibido pela TV Rede Onda Digital, através do canal 8.2, e pelo canal do Youtube da Rede Onda Digital.
Conforme noticiou O Convergente, Marcelo Ramos foi convidado pelo próprio presidente Lula (PT) para se filiar ao partido e ser um dos nomes da sigla para disputar o pleito deste ano. Durante o programa, o ex-deputado federal revelou que foi uma surpresa, uma vez que o mesmo não pretendia concorrer.
“Foi uma surpresa para todo mundo, e até o povo do meio da política não acredita, mas até para mim”, iniciou. “Se alguma pessoa que perguntasse sobre eleição, eu nem deixava terminar de falar, eu dizia que não tinha interesse algum. Acontece que, na quinta-feira, havia ocorrido uma reunião do grupo eleitoral do PT e teria sido a cogitado do meu nome como pré-candidato a prefeito de Manaus. Eu ouvi e fiquei quieto no meu canto porque não era meu interesse”, comentou.
Ele revelou que recebeu uma ligação da presidente nacional do PT Gleise Hoffmann para que ele fosse encontrar o presidente Lula no Rio de Janeiro. “A conversa que eu tive com o presidente Lula foi inusitada […] No palanque ele me chamou para me cumprimentar comentou e perguntou: ‘Você topa?’. Eu tentei argumentar e ele ‘topa ou não topa?’. Eu disse ‘o senhor é o presidente, se o senhor está me fazendo um convite, eu topo'”, disse.
Marcelo Ramos ainda comentou sobre ser merecedor de ter o reconhecimento do presidente. “Foi algo absolutamente inusitado, inesperado, inclusive para mim. Fico muito feliz e honrado de ser merecedor da confiança desse líder político que é o presidente Lula”, pontuou.
Ainda sobre a filiação ao PT, o ex-deputado federal pontuou que houve um diálogo entre o presidente Lula e o senador Omar Aziz (PSD) para que Marcelo Ramos saísse do partido do senador e migrasse para o PT, sem romper as conexões políticas.
“O presidente Lula não faria o movimento de me tirar do PSD sem ter a conversa com o senador Omar. Houve uma conversa, não no sentido de ser ou não ser candidato, mas no sentido da minha saída do PSD não criar um problema com um aliado do governo do senador Omar”, esclareceu.
Cenário político
De acordo com ele, os eleitores têm nomes de pré-candidatos a prefeito que declararam voto ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), um que não tem líder político e tem ele que é o possível pré-candidato da esquerda em Manaus.
“Até a minha entrada, tínhamos 5 candidatos que votaram e pediram voto para Bolsonaro […], e um candidato que ninguém sabe em quem votou e de que lado está […], mas o presidente Lula teve 38% em Manaus no segundo turno, esse eleitor estava órfão, havia um esforço de lideranças importantes do nosso partido do PT para construir uma alternativa, mas não havia uma mobilização”, disse.
Ele ainda reforçou que a sua ida para o PT é para movimentar a unificação da esquerda em Manaus. “Chega dessa conversa do bolsonarismo achar que é dono de Manaus, eles tiveram 62% dos votos, mas nós tivemos 38 […]. Nós precisamos ter a capacidade de mostrar, do ponto de vista prático, que o presidente Bolsonaro não entregou nada para Manaus”, disparou.
Marcelo Ramos ainda listou que os governos do PT fizeram o melhor por Manaus e a população precisa reconhecer os feitos para eleger um prefeito que vai somar com o governo federal.
“O presidente Lula só entregou o melhor para Manaus. Você olha para a Arena, governo do PT. Para a ponte, governo do PT, Viver Melhor, governo do PT, Bolsa Família, programação da Zona Franca […], só tem coisa boa entregue e quando abrirmos o debate e mostrar o que pode ser essa prefeitura de perder a vergonha de defender um presidente que só nos ajudou, não tenho dúvidas que a população vai perceber”, disse.
Bastidores PT
Antes de Marcelo Ramos, a federação PT/PCdoB/PV tinham nomes a disposição para a corrida eleitoral, entre eles Anne Moura, Eron Bezerra, Valdemar Santana e Sinésio Campos. Até o momento, ainda não foi definido quem irá representar a federação na pré-candidatura majoritária, o que de acordo com ele é uma maneira de se estabelecer diálogos e escolher o que for melhor.
“O governador decide quem é o candidato dele e o União Brasil tá resolvido. O prefeito decide que é candidato a reeleição e o Avante tá resolvido. O Bolsonaro diz que o candidato é o deputado federal e tá resolvido. O PT não é assim, o presidente Lula indica, a Janja indica, a presidente Gleise indica, mas existem os espaços que os filiados possam emitir suas opiniões”, comentou.
Durante o programa, Marcelo Ramos também falou sobre respeitar o processo que foi estabelecido para os filiados que colocaram seus nomes à disposição. “Quando eu me filiei, já existia um processo que eu não participei anteriormente, e eu tenho o dever de respeitar esse processo […], tenho o dever de respeitar a posição da Anne [Moura] de não retirar sua candidatura. Na próxima semana, mais tardar, resolveremos isso a bem do partido”, destacou.
Com relação os comentários sobre um possível racha dentro do PT, ele enfatizou que a sigla vai sair muito mais forte, uma vez que tudo está sendo respeitado. “Quem está torcendo para a nossa divisão vai se dar mal, porque vamos sair mais fortes. Ninguém está sendo atropelado, estamos conversando com a absoluta tranquilidade […] Podemos ter vários pré-candidatos, mas teremos apenas um candidato e esses outros irão apoiar esse candidato”, disse.
Esquerda amazonense
Anteriormente, Marcelo Ramos já havia dito que o cenário para o movimento da esquerda no Amazonas era ruim. Desta vez, ele afirmou que era preciso reconhecer o problema para poder solucionar.
“Não dá para dizer que vivemos o melhor momento nesse campo progressista em Manaus. Temos um vereador de 41, temos um deputado de 24, não fizemos quociente eleitoral para fazer deputado federal […]. O que precisamos é unificar, e é isso que estamos fazendo agora”, comentou.
Com relação a eleição para vereança, ele acredita que os partidos de esquerda tenham um bom cenário para ampliar a bancada na Câmara Municipal de Manaus. O possível pré-candidato ainda comentou que vai buscar diálogo com outros dois partidos que, nacionalmente, fazem parte do apoio ao governo Lula.
“Temos uma chapa muito forte puxada pelo ex-deputado Zé Ricado. PCdoB tem bons nomes, a Michelle em especial, que toda eleição tem uma ótima votação. O PV teve a filiação do Jaildo dos rodoviários, que também tem uma boa votação, acho que temos quadros suficientes para resgatar uma bancada progressistas. Rede/PSOL tem chance de fazer vereador, tem a Wanda Witoto […], acredito que esse bloco fique conosco, o Solidariedade vai ficar conosco, e ainda vamos conversar com outros dois partidos que fazem parte de apoio do presidente Lula, que é o PSB e PDT, porque acredito que esses partidos tem que ficar aqui”, avaliou.
Alberto Neto
No Debate Político da semana passada, o pré-candidato Alberto Neto (PL) comentou sobre os comentários de Marcelo Ramos sobre obras entregues por Bolsonaro em Manaus. Durante o programa, o deputado federal chamou o ex-colega de Câmara de “calabreso”.
Para Marcelo Ramos, o deputado federal e pré-candidato tem outras preocupações na vida e que precisa explicar para a população sobre o seu voto contrário à manutenção da prisão do deputado Chiquinho Brazão, acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco.
“Eu acho que o pré-candidato Alberto Neto, nos próximos dias, vai ter pouco tempo para se preocupar comigo, porque ele vai ter que explicar para a cidade de Manaus porque ele votou para votar o assassino da Marielle. Acho que ele tem coisas mais importantes na vida dele do que se preocupar comigo, porque não vou gastar energia com ele”, destacou.
Jogo das Cartas
No já conhecido Jogo das Cartas do Debate Político, Marcelo Ramos teceu comentários sobre os políticos sorteados. O primeiro foi o deputado federal e pré-candidato a prefeito Amom Mandel (Cidadania). Para Ramos, é necessário que o parlamentar ganhe mais experiência para se candidatar a cargos majoritários.
“Estamos falando sobre preparo para cuidar da cidade de Manaus […]. Acho que o Amom vai ter um tempo de amadurecimento e ele tende ser em algum momento o prefeito de Manaus, mas não acho que é agora […]. Tenho muito respeito e carinho pelo Amom, mas acho que vai chegar o tempo dele de ser prefeito de Manaus”, avaliou.
A segunda imagem foi do pré-candidato Alberto Neto, o qual ele avaliou como um bom deputado federal em atuação na Câmara, no entanto, ele afirmou que existem alguns vícios do parlamentar que comprometem a sua dedicação
“Ele é um bom deputado e eu tenho um defeito ou qualidade de reconhecer as pessoas […]. Agora, ele tem um vício de origem, que é o descompromisso com a democracia […] e um descompromisso com a Justiça e com a vida, porque votou para soltar o assassino de Marielle […]. A qualidade que ele pode ter de dedicação fica comprometida pela falta de compromisso com os valores civilizatórios”, disse.
“Eu vou mostrar que Bolsonaro é uma farsa para Manaus e quem quer o melhor para Manaus não acompanha Bolsonaro, e nessa eleição tem cinco candidatos que declaradamente acompanha Bolsonaro e só tem um do campo progressista”, concluiu.
A colega de partido Anne Moura (PT) foi a terceira imagem sorteada no Jogo das Cartas. Ao falar sobre a secretária nacional de mulheres do PT, ele disse que a política não está magoada com a possível pré-candidatura de Marcelo Ramos, mas com outras questões do partido.
“A Anne é da política, ela entende as coisas. O presidente Lula e a presidente Gleise não deixaram de apoiar a Anne, todo meu diálogo com eles foi para voltar e unificar o PT”, disse. Questionado sobre a possibilidade de Anne Moura ser sua vice, ele afirmou que existe, mas que no momento, é necessário dialogar com outras siglas visando o tempo na propaganda partidária.
Para a apresentadora, ele revelou que o ex-prefeito de Manaus Serafim Corrêa (PSB) possui um dos perfis que busca em um vice. “Tem duas coisas muito importantes: uma pessoa que consolide a experiência que eu já tenho, acho que o ex-prefeito Serafim seria um quadro importantíssimo”, pontuou.
David Almeida (Avante) foi a próxima carta sorteada pelo ex-deputado federal. Na avaliação dele, a gestão de Almeida na Prefeitura de Manaus é mediana. “Eu diria que ele é um prefeito que faz o feijão com arroz. Eu disse anteriormente que eu votaria no David, mas eu votaria nele porque não tinha nomes melhores, agora tem, eu!”, comentou.
Sobre a pré-candidatura de Roberto Cidade (UB), ele disse que surgiu com muita força, mas foi perdendo espaço. “Ela surgiu com muita musculatura, mas do ponto de vista eleitoral, ela desfiou. É uma candidatura que não consegue se consolidar como uma candidatura viável”, pontuou.
Confira a entrevista na íntegra:
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Por Camila Duarte
Foto: Marcus Reis
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