O cenário da estiagem no Amazonas não tem afetado apenas os municípios do interior, mas também tem causado transtorno às empresas da Zona Franca de Manaus (ZFM). Isso porque, com o baixo nível da água dos rios, os navios que transportam as cargas não têm como atracar em Manaus e fazer a distribuição dos insumos para as empresas que operam no modelo econômico amazonense.
Com isso, empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM) passaram a adotar medidas para desviarem da falta de produtos para continuar o trabalho. Uma das ações é a antecipação das férias dos industriários.
De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas (Sindmetal), mais de 30 empresas da ZFM anteciparam as férias dos servidores. O número de industriários que tiveram que interromper a jornada de trabalho chega de 10 a 15 mil, conforme informações do Sindicato.
Alternativas
Com a dificuldade de transporte, a Receita Federal em Belém autorizou que as cargas que chegassem do exterior e tivessem como destino o Amazonas para as empresas da ZFM devem permanecer nas áreas aduaneiras da cidade por até 10 dias.
De acordo com a decisão da Receita, se, após 10 dias, a carga ainda não tiver chegado ao Amazonas, ela poderá ficar armazenada na aduaneira paraense. Sendo assim, fica a cargo da fiscalização de Belém determinar o armazenamento e fazer verificação do conteúdo da carga.
A portaria foi assinada pelo delegado Bruno da Rocha Leite e tem validade até 31 de janeiro de 2024, quando especialistas apontam que as condições do nível das águas dos rios do Amazonas devem voltar à normalidade.
Além da decisão da Receita Federal do Pará, a Câmara de Dirigentes Lojistas de Manaus (CDL-Manaus) acredita que, caso o cenário da estiagem não melhore até novembro, as cargas devem chegar ao Amazonas em transporte aéreo.
De acordo com a análise feita pela CDL-Manaus, os navios não conseguem atracar em Manaus, o que representa que apenas 35% ou 40% do total de cargas devem chegar à capital, caso a seca ainda persista em novembro.
Falta de alimentos
Conforme havia noticiado O Convergente, esse já era o cenário esperado pelos economistas do Amazonas. No entanto, caso a seca avance, também pode haver falta de alimentos nos municípios e em Manaus.
“Pode afetar toda a população, porque pode faltar produtos de consumos, alimentos que vem de fora, produtos podem faltar, porque não estão chegando”, disse a economista Denise Kassama.
A economista ainda analisou ao O Convergente sobre a interrupção dos trabalhos na Zona Franca de Manaus e chegou a comentar sobre demissões nas empresas.
“Se essa cerca se perdurar por muito mais tempo, isso significa que pode faltar insumos para as indústrias do Polo Industrial de Manaus e, sem insumos, elas não produzem e, se não produzem, elas têm mão de obra parada ou demitida por conta dessa paralisação”, afirmou.
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Por Camila Duarte
Revisão textual: Vanessa Santos
Ilustração: Giulia Renata Melo
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