"Reprimir o Amazonas de ter uma ligação por via rodoviária é criminoso", diz Fausto Jr sobre BR-319 no programa "Debate Político"

Na última terça-feira (17), o programa “Debate Político” recebeu o ex-deputado estaudal do Amazonas e atual deputado federal Fausto Jr (UB), que abordou temas como a BR-319 e os primeiros meses de atuação no Congresso Nacional. O programa foi apresentado pela CEO da empresa, Érica Lima Barbosa, e exibido pela TV Rede Onda Digital, através do canal 8.2, e pelo canal do Youtube da Rede Onda Digital.

Durante o bate-papo, ele destacou alguns pontos importantes sobre a representatividade na Câmara Federal e a atuação da bancada federal do Amazonas. De acordo com ele, os parlamentares que representam o povo amazonense têm estado unidos sobre pautas de interesse público.

“Brasília tem essa vantagem, enquanto no Amazonas, somos só 8 deputados federais. Não somos um estado tão populoso em relação a outros estados do Sudeste e do Sul, mas nosso relacionamento em Brasília consegue fazer com que consigamos articulações grandes a nível nacional”, disse.

Ele ainda afirmou que, por estar em Brasília, os deputados acabam firmando laços com outros parlamentares de outras regiões, que passam a se interessar pelas pautas que são defendidas pela Região Norte, por exemplo. “É muito bacana a gente ver o envolvimento de todas as bancadas, como de Rondônia, de Roraima, e também aqueles deputados que não teriam um benefício direto proporcionado pela BR-319, mas que, pela boa relação que nós temos, pela convivência, também aderem à causa”, pontuou.

Ações na estiagem

Com o Amazonas sendo afetado pela maior estiagem já vista em toda a história do Estado, a bancada federal tem desempenhado um importante papel entre o Amazonas e o governo federal.

Conforme contou o deputado Fausto Jr, no momento em que os parlamentares vão defender os interesses do Estado, todas as divergências são colocadas de lado para que o melhor pelo amazonense seja feito em um momento delicado como a seca.

“Tem pautas que estão acima de diferenças políticas e partidárias. Por exemplo, em relação à Zona Franca de Manaus, em relação da seca, da estiagem, que está sendo agravada por conta do El Niño. Tem pautas que, justamente, por sermos uma bancada pequena, nós temos que abaixar as bandeiras partidárias e caminhar juntos”, pontuou.

“A bancada se mantém unida, temos nossas diferenças políticas […] mas têm pautas que convergem, é de interesse público e de todos, e nós temos a obrigação de estarmos juntos”, reforçou.

BR-319

Um dos pontos que estão sendo mais discutidos nas últimas semanas são as obras da BR-319, que liga o Amazonas a Roraima pela via terrestre. Por falta de verba, a rodovia está intrafegável e, com a seca, deputados passaram a cobrar o governo federal para que as obras no local sejam retomadas.

Para o deputado, as ações para a rodovia não são feitas por conta de uma militância. Entre muitos comentários, alguns ativistas alegam que a construção da rodovia ajudaria no desmatamento. De acordo com o deputado, as famílias que habitam próximo à rodovia precisam ter alternativas de sustento, mas que, sem isso, vão continuar desmatando para conquistar sua dignidade.

“Precisamos dar alternativas para a população ter o seu sustento, ter a sua dignidade, para então a gente poder cobrar que essa mesma população possa preservar a floresta”, disse.

Ele ainda defendeu que não ter a BR-319 é um ato “anti-constitucional”, uma vez que já foram vistos cenários em que o Amazonas precisou de ajuda, mas que, por falta de logística, o auxílio demorou para chegar. “Você reprimir o Amazonas e Roraima de ter uma ligação por via rodoviária é criminoso. É anti-constitucional”, disparou. “Vimos o custo disso quando, na pandemia, não pudemos receber cilindros de oxigênio, porque a BR-319 estava intrafegável. Tivemos que arrumar um avião estrangeiro”, concluiu.

Ele ainda pontuou que, com a BR-319, a economia amazonense não seria tão afetada por conta de crises ambientais, como é o caso da Zona Franca de Manaus, que está sem insumos de produção por conta da estiagem. “A dificuldade que estamos vendo em relação ao transporte das balsas com a seca dos rios. Se tivéssemos uma estrada funcionando, essa dificuldade seria menor. É um custo muito alto que o povo do Amazonas paga por não ter a BR-319”, disse.

“O real motivo é uma militância ambientalista de forma institucional. São pessoas que seguem interesses de ONGs internacionais e têm o interesse de prejudicar o desenvolvimento do Brasil, essa é a verdade”, afirmou.

Candidaturas femininas

Defensor de causas femininas, o deputado Fausto Jr ainda falou sobre a minirreforma, que foi aprovada na Câmara Federal, com o voto a favor do parlamentar do Amazonas, mas não entrou em discussão no Senado. Um dos tópicos da minirreforma continha a diminuição de candidaturas femininas.

Justificando o voto a favor, ele afirmou que é a favor de que mulheres entrem no ambiente político, mas com a regra de que uma porcentagem estar destinada às candidaturas femininas, as mulheres acabam sendo forçadas a aceitar, mesmo que não queiram.

“O que eu não concordo é que sejam feitas candidaturas forçadas, para não chamar de candidatura laranja. Depois que foi colocado uma lei de 30% candidatas mulheres, não aumentou o número de mulheres na política. O que aumentou foi o número de processos dos partidos por terem candidaturas que os partidos forçam para completar a chapa”, frisou.

O deputado ainda acredita que os partidos políticos precisam fazer ações para incentivar a entrada de mulheres na política. “Precisamos estimular os partidos a fazerem campanhas de incentivo, de qualificação, de mostrar que você, mulher, pode representar suas pautas”, comentou.