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sexta-feira, julho 5, 2024

Desastres climáticos podem causar deslocamento de quase 1,5 milhão de crianças no Brasil, aponta pesquisa

Só as inundações dos rios deverão deslocar quase 96 milhões de crianças nos próximos 30 anos, mostra uma nova análise

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Os desastres relacionados com o clima causaram 43,1 milhões de deslocamentos internos de crianças em 44 países durante um período de seis anos – ou aproximadamente 20 mil deslocamentos de crianças por dia – de acordo com uma nova análise do UNICEF divulgada hoje.

Crianças Deslocadas em um Clima em Mudança (Children Displaced in a Changing Climate – disponível somente em inglês) é a primeira análise global do número de crianças expulsas das suas casas entre 2016 e 2021 devido a inundações, tempestades, secas e incêndios florestais, e analisa as projeções para os próximos 30 anos. No Brasil, inundações, tempestades e outros fenômenos podem deslocar aproximadamente 1,5 milhão de crianças nos próximos 30 anos.

De acordo com a análise, a China e as Filipinas estão entre os países que registraram os números absolutos mais elevados de deslocamentos de crianças, devido à sua exposição a condições meteorológicas extremas, às grandes populações infantis e aos progressos alcançados no alerta precoce e nas capacidades de evacuação. No entanto, relativamente ao tamanho da população infantil, as crianças que vivem em pequenos estados insulares, como Dominica e Vanuatu, foram as mais afetadas pelas tempestades, enquanto as crianças na Somália e no Sudão do Sul foram as mais afetadas pelas cheias.

“É assustador para qualquer criança quando um violento incêndio, tempestade ou inundação atinge a sua comunidade”, disse a diretora executiva do UNICEF, Catherine Russell. “Para aqueles que são forçados a fugir, o medo e o impacto podem ser especialmente devastadores, com a preocupação de voltar para casa, retomar a escola ou ser forçados a mudar-se novamente. O deslocamento pode ter salvado sua vida, mas também é muito perturbador. À medida que os impactos das mudanças climáticas aumentam, também aumentam os deslocamentos impulsionados pelo clima. Temos as ferramentas e o conhecimento para responder a esse desafio crescente para as crianças, mas estamos agindo lentamente demais. Precisamos intensificar os esforços para preparar as comunidades, proteger as crianças em risco de deslocamento e apoiar as que já estão desenraizadas”.

As inundações e as tempestades foram responsáveis por 40,9 milhões – ou 95% – dos deslocamentos de crianças registrados entre 2016 e 2021, devido em parte a melhores relatórios e a mais evacuações preventivas. Entretanto, as secas provocaram mais de 1,3 milhão de deslocamentos internos de crianças – com a Somália novamente entre os países mais afetados, enquanto os incêndios florestais provocaram 810 mil deslocamentos de crianças, com mais de um terço ocorrendo só em 2020. Canadá, Israel e Estados Unidos foram os que registraram o maior número desses incêndios.

As decisões de deslocamento podem ser forçadas e abruptas face a um desastre, ou como resultado de uma evacuação preventiva, em que vidas podem ser salvas, mas muitas crianças ainda enfrentam os perigos e desafios que advêm do fato de elas serem desenraizadas das suas casas, muitas vezes por períodos prolongados.

As crianças correm especialmente o risco de ser deslocadas em países que já enfrentam crises sobrepostas, como conflitos e pobreza, onde as capacidades locais para lidar com quaisquer deslocamentos adicionais de crianças estão sobrecarregadas.

O Haiti, por exemplo – que já corre um risco elevado de deslocamento de crianças relacionado com desastres – também é assolado pela violência e pela pobreza, com investimento limitado na mitigação de riscos e na preparação. Enquanto em Moçambique, são as comunidades mais pobres, incluindo as das áreas urbanas, que são desproporcionalmente afetadas por condições meteorológicas extremas. Esses são os países – onde o número de crianças vulneráveis em risco de deslocamento futuro é maior e as capacidades de resposta e o financiamento são limitados – onde a mitigação dos riscos, a adaptação, os esforços de preparação e o financiamento são mais urgentes.

Utilizando um modelo de risco de deslocamento por desastres desenvolvido pelo Centro de Monitoramento de Deslocamentos Internos, o relatório projeta que as enchentes ribeirinhas têm o potencial de deslocar quase 96 milhões de crianças nos próximos 30 anos, com base em dados climáticos atuais, enquanto os ventos ciclônicos e as tempestades têm o potencial de deslocar 10,3 milhões e 7,2 milhões de crianças, respectivamente, no mesmo período*. Com eventos meteorológicos mais frequentes e mais severos como consequência das mudanças climáticas, os números reais serão quase certamente mais elevados.

O UNICEF trabalha com os governos dos países em maior risco para melhor preparar e minimizar o risco de deslocamento, desenvolver e implementar estratégias de adaptação às mudanças climáticas que respondam às necessidades das crianças, e conceber serviços resilientes e portáteis para proteger e alcançar as crianças antes, durante e depois dos desastres, fornecendo soluções para lidar com vulnerabilidades específicas do contexto.

Enquanto os líderes se preparam para se reunir na Cúpula sobre Mudanças Climáticas COP28 em Dubai, em novembro, o UNICEF pede a governos, doadores, parceiros de desenvolvimento e setor privado para:

  • PROTEGER as crianças e os jovens dos impactos dos desastres e dos deslocamentos agravados pelas mudanças climáticas, garantindo que os serviços essenciais para as crianças – incluindo os serviços de educação, saúde, nutrição, proteção social e proteção infantil – sejam reativos aos choques, portáteis e inclusivos, sem excluir aqueles que já foram desenraizados de suas casas.
  • PREPARAR as crianças e os jovens para viverem num mundo alterado pelo clima, melhorando a sua capacidade de adaptação e resiliência e permitindo a sua participação na busca de soluções inclusivas.
  • PRIORIZAR as crianças e os jovens – incluindo aqueles já desenraizados das suas casas – nos desastres e na ação e nas finanças climáticas, na política humanitária e de desenvolvimento, e nos investimentos para que se preparem para um futuro que já está acontecendo.

Leia e faça o download do relatório aqui (disponível somente em inglês)

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Fonte: Unicef

Foto: Divulgação

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