Faltando um ano para as eleições municipais de 2024, as articulações de políticos para tentarem continuar no poder, ou se elegerem, já começaram. Tanto no Amazonas quanto no restante do Brasil, as cartadas para o cenário político já foram dadas. A Prefeitura de Belém, capital do Pará, por exemplo, é um dos locais em que as eleições do ano que vem já estão na mira dos políticos.
De acordo com a pesquisa feita pelo Laboratório de Estudos Geopolíticos da Amazônia Legal, o fator interessante pela disputa da Prefeitura de Belém é a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), que será sediada na cidade no final de 2025. O prefeito eleito no pleito terá a missão de organizar a cidade para receber o evento. O levantamento do cenário foi feito pelos pesquisadores Rodrigo Dolandeli, Carlos Augusto Souza, Bruno de Castro Rubiatti, Raimunda Eliene Sousa Silva e Mariana Costa da Silva.
Levando em consideração a volta das discussões de pautas ambientais, o fato de Belém sediar a COP 30 traz oportunidades para o município se beneficiar com investimentos em obras de infraestrutura, além de influenciar o ambiente de negócios do Brasil no que diz respeito à sustentabilidade, deixando de fora da discussão os ruralistas, por exemplo.
Entre esses fatores, existem destaques na corrida pela Prefeitura de Belém que chamam a atenção e um deles é a articulação política do governador do Pará, Helder Barbalho (MDB). Isso porque ele foi o centro das negociações para que Belém fosse escolhida para a COP 30, junto ao presidente Lula (PT). Outro fator que chama atenção é o baixo desempenho do atual prefeito, Edmilson Rodrigues (PSOL), que tentará continuar no cargo.
Em 2020, Rodrigues foi eleito com uma diferença em torno de 3,5% em relação ao candidato do Patriota, Delegado Eguchi, em uma disputa que demonstrou a polarização instaurada nas eleições de 2018 no Brasil. Na disputa, o atual prefeito contou com o apoio de petistas, enquanto o oponente teve apoio explícito do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Para tentar continuar na cadeira da Prefeitura, Edmilson precisa reverter a baixa popularidade em Belém. Conforme apontou a pesquisa divulgada pelo Instituto Paraná Pesquisas, no início de junho de 2023, ele tinha a desaprovação de 68,8% e apenas 28,6% de aprovação, além de 2,6% que não sabem ou não opinaram.
Os dados apontados expõem o que o atual prefeito de Belém pode enfrentar nas eleições de 2024. O mesmo instituto fez um levantamento sobre uma possível corrida eleitoral pelo município e mostrou que Edmilson e Delegado Eguchi, agora no PL, estão empatados tecnicamente.
Ambos tiveram 17% e 16,9% das intenções de voto, respectivamente. No entanto, de acordo com a pesquisa, o cenário é ainda mais imprevisível se for considerada a porcentagem obtida pelos demais candidatos: Ursula Vidal (MDB), 15,4%; Cássio Andrade (PSB), 10,4%; José Priante (MDB), 8,3%; Thiago Araújo (Cidadania), 8,0%; e Celso Sabino (União Brasil), 4,6%.
Além da dispersão dos votos, a pesquisa apontou que outros nomes podem dificultar a eleição de Edmilson, como o do deputado federal Celso Sabino (União Brasil), que, recentemente, assumiu o Ministério do Turismo, uma vez que ele é próximo do “Centrão” e ligado ao presidente da Câmara dos Deputados, Artur Lira (PP), além de já ter tido aproximações com o ex-presidente Bolsonaro.
Porém, conforme a pesquisa do Paraná Eleitoral, o Delegado Eguchi parece liderar a corrida com vantagem, pois tem as melhores condições para convocar o voto dos bolsonaristas na próxima eleição. Em contrapartida, o governador Helder Barbalho assume um papel fundamental nas eleições municipais, uma vez que uma parte do eleitorado tem preferência por políticos que integram o governo estadual ou são membros do mesmo partido.
Diante disso, o MDB tem Ursula Vidal e Cássio Andrade, do PSB, respectivamente, secretária estadual de cultura e secretário estadual de esporte e lazer, ou seja, podem ser peças-chaves nas eleições para a Prefeitura de Belém. Além desses nomes, destaca-se o deputado federal José Priante (MDB), que já disputou as eleições de 2020 para a prefeitura, e pode ter o potencial avaliado.
Vale lembrar que o MDB é um forte partido no Pará, tendo muita influência tanto nas eleições municipais, quanto nas campanhas federais e estaduais. Nas eleições de 2022, por exemplo, o partido elegeu 13 deputados estaduais, o que representa 32,7% dos 41 parlamentares da Assembleia Legislativa do Estado do Pará (ALEPA).
Com o quadro político estreito, o PSOL do atual prefeito de Belém deve encontrar dificuldades para permanecer na gestão municipal. De acordo com o levantamento do Laboratório de Estudos Geopolíticos da Amazônia Legal, Edmilson Rodrigues só conseguirá vantagem, caso consiga construir uma aliança partidária, que depende da ascendência do MDB. Porém, o apoio de Lula pode ajudar o atual prefeito a ampliar os votos e tentar a reeleição.
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Por Camila Duarte
Revisão textual: Vanessa Santos
Ilustração: Marcus Reis
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