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sexta-feira, novembro 22, 2024

“O trabalho de desmistificação da ideia de que ‘Exú não é satanás”, fala idealizador da Marcha para Exú em Manaus

Com o tema “Exú não é satanás”, o movimento faz parte do processo de ressignificação do culto ao orixá – divindade das religiões de matriz africana – que foi estigmatizado na representação do “Diabo” na religião judaico-cristã

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A Marcha para Exú acontece hoje, 30/9, em Manaus. Movimentos Populares, instituições cristãs e de Matriz Africana organizam a “1ª Marcha para Èṣù em Manaus – Exú Não é Satanás”, com concentração na Praça Heliodoro Balbi (Praça da Polícia), avenida Sete de Setembro, indo em direção à Praça do Congresso, ambas no Centro da capital amazonense, Zona Sul da cidade. A programação gratuita inicia às 14h, com saída às 15h, e tem previsão de término às 21h.

Com o tema “Exú não é satanás”, o movimento faz parte do processo de ressignificação do culto ao orixá – divindade das religiões de matriz africana – que foi estigmatizado na representação do “Diabo” na religião judaico-cristã.

Para as religiões de matriz africana, como a Umbanda e o Candomblé, Exú não tem nenhuma relação com o mal e nem com o que as culturas hebraica, cristã e muçulmana chamam de Diabo, Belzebu, Satanás, Baphomet ou Lúcifer, como diz Xɛ́byosɔnɔ̀ Ọba Méjì Alberto Jorge Silva, Coordenador Geral da ARATRAMA – Articulação Amazônica dos Povos e Comunidades Tradicionais de Terreiro de Matriz Africana – e idealizador da Marcha em Manaus.

“O trabalho de desmistificação da ideia de que ‘Exú não é satanás’ começou na Nigéria e hoje vem ganhando as cidades do Brasil. A demonização de Exú nasceu juntamente com o processo da cristianização, nos anos de 350, onde foi adotado o conceito de que tudo que não era cristão, era pagão, logo era do Diabo. O resultado disso é a intolerância e o preconceito que sofremos até os dias de hoje, em pleno século XXI”, acrescenta Xɛ́byosɔnɔ̀ Ọba Méjì Alberto Jorge.

O evento é organizado pela Associação de Desenvolvimento Sócio Cultural Toy Badé, juntamente com a ARATRAMA, tendo os movimentos populares como entidades parceiras, a exemplo da Central de Movimentos Populares no Amazonas, sob a coordenação de Rodrigo Furtado, Coordenador Geral no Estado da Central de Movimentos Populares no Amazonas.

“Os populares, a sociedade como um todo, poderão se utilizar do espaço e oportunidade do ato, para realizarem suas intervenções políticas contra a intolerância religiosa. É um momento importante para demonstrarmos nossa união. Uma demonstração efetiva de que é possível uma convivência harmoniosa e fraterna entre pessoas e instituições de profissões de fé diferentes.

Que Aviɛ Vòdún / Ọlọ́run Dotɛ́, Javé, Jeová, Alá, Tupã nos abençoe nessa ação cultural e religiosa.”, acrescenta Rodrigo.

Ainda, de acordo com ele, o evento é aberto a todo o público. Não só para os adeptos das religiões de matriz africana, mas aos simpatizantes e militantes da causa contra a intolerância.

A programação conta com música, dança, manifestação popular, apresentação de maracatu, maculelê, capoeira e samba de roda. Será dado destaque às pessoas que forem vestidas a caráter.

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Da Redação

Revisão textual: Vanessa Santos

Foto: Divulgação / Ilustração: Marcus Reis

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