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sexta-feira, julho 5, 2024

“Mulheres são maioria da população, por que não somos maioria no Congresso Nacional?”, questiona Liliane Araújo no programa “Debate Político”

A jornalista, advogada e ex-candidata nas eleições de 2022 foi a convidada da semana no programa apresentado pela CEO da empresa, Érica Lima Barbosa

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Em um programa marcado pelo protagonismo feminino, o “Debate Político” dessa terça-feira (26) recebeu a jornalista, advogada e ex-candidata à deputada federal Liliane Araújo. Durante o bate-papo, ela comentou sobre as mulheres na política, sua atuação na área da advocacia e respondeu perguntas feitas pela população manauara. O programa foi apresentado pela CEO da empresa, Érica Lima Barbosa, e exibido pela TV Rede Onda Digital, através do canal 8.2 e pelo canal do Youtube da Rede Onda Digital.

O primeiro assunto tratado pela convidada foram os espaços ocupados por mulheres. Ela afirmou que a sociedade ainda não está acostumada em ter mulheres no poder, assim como as próprias não acreditam que possam exercer tais funções.

“Nossas conquistas, enquanto mulheres profissionais, são muito recentes. Então, a sociedade ainda não se acostumou. Nós mesmas, quando, e eu falo por mim, me encontro em locais onde estou tendo comportamentos às vezes machistas. Porque fomos criadas por isso, para cuidar do lar e não para ser profissionais”, disse.

Liliane acredita que o problema nisso está enraizado na sociedade e, devido a isso, as mulheres têm dificuldades em se inserir nesses espaços, o que vem mudando com o passar do tempo.

“Por conta desse protagonismo que algumas mulheres vêm registrando na história, a gente percebe que a gente acumula muitas atividades, e nem todas têm esse apoio. Imagine a mulher que quer ser política hoje e não tem apoio da família, do marido. Porque ela tem que trabalhar, dar conta da família e fazer política. É difícil e a gente geralmente não tem apoio, é muito difícil”, comentou.

Durante a conversa com a CEO Érica Lima Barbosa, ela ainda ressaltou sobre a importância da voz feminina e disse que é necessária a união de todas para que consigam ter representantes mulheres nas Casas Legislativas.

“Somos maioria em tudo, na população no eleitorado. Mas, infelizmente, nós ainda não falamos a mesma língua. Não conseguimos nos unir e encarar a outra, não só como profissional, mas sempre queremos estar competindo”, pontuou.

“Só teremos voz quando tiver essa união de mulheres. Já que somos maioria, por que não temos maioria de representantes no Congresso Nacional? Isso é um questionamento que eu faço. Por isso que muitas vezes nossas pautas e demandas não são atendidas”, concluiu.

A entrevistada da semana ainda revelou situações da própria vida em que tentou alcançar novas metas profissionais, mas que não foi possível por conta de assédios. Em conversa com a apresentadora, ela comentou que estaria prestes a ingressar no Mestrado, mas voltou atrás logo após ser importunada.

“É algo muito sério, porque para gente galgar espaços, muita das vezes, temos que passar por essas situações que são constrangedoras”, desabafou.

Violência política

Outro assunto que foi comentado durante o Debate Político foi a violência política sofrida por mulheres em ambientes de trabalho. A jornalista comentou três casos que ocorreram no Amazonas e repudiou as ações dos homens envolvidos.

“Quando você confronta uma mulher e quer colocar a situação dela abaixo da sua situação, ou de competência ou como própria mulher, isso configura um ataque misógino […] Alguns homens parecem que tem ódio das mulheres, dos espaços que elas ocupam. É muito forte o que eu estou falando, mas é uma coisa real”, afirmou.

Araújo ainda disse sobre ser uma jornalista e acompanhar política, onde acontecem casos em que homens destratam mulheres dentro de Casas Legislativas. “Se formos ver em todo Brasil a forma como nossas vereadoras, deputadas são tratadas. Um prefeito do interior aqui [Amazonas] disse que ia dar uma ripada em uma vereadora. Isso é forma de falar? Isso é uma agressão!”, destacou.

Além desse caso, ela também comentou sobre desrespeitos contra mulheres cometidos na Assembleia Legislativa do Amazonas, onde apontou que as pessoas precisam ter “o mínimo de humanidade nesses ambientes”. O último caso do Amazonas em que relatou no Debate Político foi o do promotor que comparou uma advogada a uma “cadela”. “É uma falta de respeito, de empatia. Acho que esqueceu que tem mãe, pode ter filha. Isso não é maneira de tratar uma mulher, uma profissional”, pontuou.

Advocacia

Além de comentar sobre política, Liliane Araújo também falou um pouco sobre a vida na advocacia. Ela frisou no Debate Político que tem trabalho em casos nos quais as pessoas não conhecem os próprios direitos.

“Temos leis para punir, mas por que essa sensação de impunidade? Pela falta de conhecimento, as pessoas não têm conhecimento dos direitos delas”, disse.

Em relação a casos de violência contra a mulher, a advogada Liliane Araújo se colocou como exemplo de vítima e encorajou mulheres que sofrem esse tipo de violência ao denunciarem o agressor. “Eu sou uma vítima de violência doméstica e eu preciso falar isso para encorajar outras mulheres a denunciar, porque tem punição!”, ressaltou.

Leia mais: “Mostrei o que ele era: cínico, hipócrita e oportunista”, diz Coronel Menezes sobre rixa com Alberto Neto em entrevista ao “Debate Político”

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Por Camila Duarte

Revisão textual: Vanessa Santos

Foto: Marcus Reis

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