O govenador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), criou uma grande polêmica neste fim de semana, após sugerir que os governadores das regiões Sul e Sudeste criem uma frente de oposição aos estados do Norte e Nordeste. A fala considerada separatista ganha repercussão nesta segunda-feira (7), recebendo críticas da direita, esquerda e centro.
“Outras regiões do Brasil, com estados muito menores em termos de economia e população, se unem e conseguem votar e aprovar uma série de projetos em Brasília. E nós, que representamos 56% dos brasileiros, mas que sempre ficamos cada um por si, olhando só o seu quintal, perdemos. Ficou claro nessa reforma tributária que já começamos a mostrar nosso peso”, disse Zema durante entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, comparando os estrados do Norte e Nordeste a “vaquinhas que produzem pouco”.
A união do Sul e Sudeste jamais será pra diminuir outras regiões. Não é ser contra ninguém, e sim a favor de somar esforços. Diálogo e gestão são fundamentais pro país ter mais oportunidades. A distorção dos fatos provoca divisão, mas a força do Brasil tá no trabalho em união.
— Romeu Zema (@RomeuZema) August 6, 2023
O ex-prefeito de Manaus e ex-deputado estadual Serafim Corrêa foi um dos que reagiu fortemente no Amazonas contra a sugestão do governador mineiro.
Economista de formação, lembrou da desigualdade história ao longo dos anos entre Sul, Sudeste, Norte e Nordeste.
Merece repúdio a fala do Gov de Minas, c apoio do Rio G do Sul contra o Norte e Nordeste. Desde o Império ficam com a maioria dos investimentos federais e agora querem tratar igualmente os desiguais. Só pra lembrar: são os + devedores da União . E Ñ pagam. RS-199 BI e MG-156 BI.
— Serafim Corrêa (@euserafimcorrea) August 6, 2023
Políticos se manifestaram contra as palavras de Zema, mesmo após ele tentar “corrigir” o que havia dito na Folha. A senadora pelo Maranhão, Eliziane Gama (PSD), lembrou que a diversidade e união das várias regiões é que fez a força do Brasil ao longo da história.
A fala separatista do governador de MG é infeliz, promove desunião entre as regiões e mostra o quão ele desconhece o que é o Nordeste para o Brasil. Precisamos de líderes que integrem o país, não de quem promova guerra entre seu próprio povo.
— Eliziane Gama (@elizianegama) August 6, 2023
Uma das poucas vozes a defender Zema, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), correu para as redes sociais tentar explicar o indefensável, após ver as chamas queimarem o colega mineiro.
Seremos todos mais fortes quanto mais formos um só Brasil. 🇧🇷
Não acredito que o governador Zema tenha dito nada diferente disso. Se disse, não me representa. pic.twitter.com/18JSLCsA1K
— Eduardo Leite (@EduardoLeite_) August 6, 2023
A fala mais forte veio do ministro da Justiça e Segurança Pública Flávio Dino, que cumpre agenda no Amapá. Ele chamou Zema de “traidor” no Twitter.
É absurdo que a extrema-direita esteja fomentando divisões regionais.
Precisamos do Brasil unido e forte. Está na Constituição, no art 19, que é proibido “criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si”.
Traidor da Constituição é traidor da Pátria, disse Ulysses…— Flávio Dino 🇧🇷 (@FlavioDino) August 6, 2023
Para o cientista político Carlos Santiago a proposta não condiz com os desejos de Zema, um dos presidenciáveis para as eleições de 2026. “A própria Constituição Federal define que cabe ao Estado promover políticas de desenvolvimento social e econômica nas regiões mais pobres, com menos peso econômico. Zema parece desconhecer a realidade brasileira, fala sem conhecimento profundo e sem uma visão estadista. Está buscando mais um conflito entre regiões do Brasil, do que trabalhar uma integração”.
Por: Elton Rodrigues
Revisão textual: Vanessa Santos
Ilustração: Marcus Reis