Com a aproximação das eleições, as pesquisas eleitorais estão se tornando mais frequentes no cenário político brasileiro, influenciando estratégias de campanha e chamando a atenção de tomadores de decisão no mercado financeiro e empresarial.
As pesquisas de intenção de voto, tema de debates acalorados e controversos a cada novo pleito, utilizam conceitos matemáticos para obter uma imagem representativa do sentimento da população em um momento específico da disputa, com base em um número limitado de entrevistas. Há muitos amazonenses que realizam pesquisas, além de trabalhar com marketing político e gestão de dados.
Afrânio Soares e o Instituto Action
Um deles é Afrânio Soares Filho do Instituto Action que, desde 1996, atua com o objetivo de desenvolver pesquisas que possam orientar organizações em suas decisões.
Segundo ele, já há uma busca de políticos esse ano para as eleições de 2024.
“Os políticos já procuram pesquisas eleitorais mesmo em ano não eleitoral. Nada comparado a um ano eleitoral. Neste período que se inicia o segundo semestre de um ano pré-eleitoral, a demanda começa a crescer. E a demanda de uma eleição municipal é diferente de uma estadual. Ela é muito mais fragmentada. Existem prefeitos que querem se reeleger, outras que só podem eleger seus sucessores, então isso fica mais efervescente. E eu acredito que a maioria dos clientes confiam em institutos locais, do Amazonas”, destacou Afrânio.
Erica Lima e O Convergente
Apesar da fala de Afrânio sobre a busca por pesquisadores do Amazonas, Erica Lima, que também trabalha com pesquisa eleitoral, destaca que há uma desvalorização dos profissionais do estado. Por isso, é preciso se superar.
“Primeiramente procuram as de fora! Mas quando o game eleitoral começa de verdade, eles recorrerão pelas empresas daqui! Pois, durante uma eleição, acompanhar os números sem viés na pesquisa é decisivo! Muita empresas de fora apresentam números “fantasiosos”. São dados absurdos na maioria das vezes. A mesma situação ocorre quando se trata de pesquisa qualitativa. Captar a percepção do eleitor antes e durante a eleição possibilita ao candidato às condições de construção de estratégia de discursos e ações direcionadas na campanha por segmentos. Decifrar os anseios dos eleitores na era digital ainda requer um bom corpo a corpo, uma escuta qualificada e uma análise crítica sobre cada intenção que se esconde atrás de uma fala”, destacou Erica, que trabalha com pesquisa qualitativa.
Dificuldades
Érica Lima destaca ainda que desde 2018, o trabalho tem sido ainda mais difícil
“Nas últimas eleições desde 2018, as pessoas têm discutido mais sobre política do que futebol, mas o mais complicado nessas últimas eleições é a violência política que tem atingido os pesquisadores (trabalhadores) que estão abordando a população (público-alvo) para aplicar os formulários através das entrevistas e, na maioria das vezes, são ofendidos e expostos a possíveis agressões. Nossa equipe do O convergente pesquisa passa por uma série de treinamento para identificar logo na abordagem inicial esse perfil de pessoas, para nem prosseguir com as demais perguntas.”
Rodrigo Gadelha
Quem também já sentiu várias dificuldades foi Rodrigo Gadelha. Hoje atuando mais no mercado do sudeste, Rodrigo diz que, em Manaus, o mercado de pesquisa eleitoral e também de marketing político limita o profissional.
“O que acontecia na minha época em Manaus é que se eu trabalhasse com alguém da esquerda, eu não conseguia trabalhar mais com alguém da direita. Eles não entendem que somos profissionais e pensam que vamos passar informações ou algo do tipo”, destacou Gadelha.
Rodrigo tem uma grande experiência. Ele já trabalhou em campanhas eleitorais como a de Thammy Gretchem para a Câmara de São Paulo e também de políticos bolsonaristas no Rio de Janeiro. “Hoje atuo mais na área de gestão de dados e marketing online”, destacou o pesquisador.
Eric Barbosa do Instituto Pontual
O pesquisador Eric Barbosa do Instituto Pontual destaca que, para as eleições municipais, ainda se deverá ver muito a influência de Bolsonaro e Lula por causa de polarização.
No ponto de vista do pesquisador, há uma polarização aqui no Amazonas nesse sentido que definirá a opinião de muitos na decisão pelo voto.
“Um dos pontos é verificar como que fica a aprovação do Governo Federal, essa dualidade entre Lula e Bolsonaro, visto que, nas eleições passadas, elas tiveram forte influência do bolsonarismo. Porém agora que Bolsonaro perdeu as eleições e Lula é o presidente tende a haver um enfraquecimento desse discurso bolsonarista, e isso impacta diretamente nas eleições das capitais das cidades. Outro ponto importante é como se dará as alianças. Como está o apoio ou não ao governador e com outras lideranças políticas.”
Para Eric, a busca por institutos de pesquisas já deve começar nesse semestre. Por isso, os institutos de pesquisas já estão trabalhando. “Essa busca tende a acontecer lá pelo mês de setembro e outubro”, finalizou.
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Texto: Hector Santana
Revisão: Vanessa Santos
Ilustração: Marcus Reis