O minério de ferro manteve-se como o produto de maior receita (R$ 242,1 bilhões) e participação (5,6%) na indústria brasileira, após ter ultrapassado óleos brutos de petróleo em 2020. Os números são da Pesquisa Industrial Anual-Produto (PIA-Produto) 2021, que investigou cerca de 3.400 produtos e serviços industriais nas 32,8 mil empresas com 30 ou mais pessoas ocupadas e em suas 39,3 mil unidades locais industriais. Essas unidades locais geraram R$ 4,4 trilhões em receitas líquidas de venda (RLV) em 2021.
Entre as maiores participações na RLV em 2021, o produto líder foi minério de ferro com 5,6%, 0,8 p.p. acima de 2020. Com receita de R$ 242,1 bilhões, o produto foi impactado pelo aumento no preço internacional e na cotação do dólar, que favoreceram as exportações, sobretudo para a China. Óleos brutos de petróleo, por causa do aumento do preço do barril de petróleo, também manteve a segunda posição no ranking, com receita líquida de R$ 180,0 bilhões e participação de 4,1% no total.
Entre 2020 e 2021, houve troca de posição entre óleo diesel, que subiu da quarta para a terceira posição, antes ocupada por carnes de bovinos frescas ou refrigeradas: óleo diesel somou R$ 113,1 bilhões com 2,6% de participação na RLV, enquanto as carnes atingiram R$ 79,8 bilhões, com 1,8% de participação.
Já álcool etílico (etanol) não desnaturado para fins carburantes (R$ 70,0 bilhões e 1,6%) subiu para a quinta posição, trocando de lugar com tortas, bagaços e farelos da extração do óleo de soja (R$ 67,4 bilhões e 1,5%). “Os resultados de 2021 refletem uma conjuntura econômica em recuperação após o auge da pandemia de COVID-19”, destaca Synthia Santana, gerente de análise estrutural.
Dez produtos concentram 22,4% da receita líquida de vendas em 2021
Os dez produtos com as maiores receitas, somaram 22,4% da receita líquida de vendas em 2021, ante 20,9% em 2020. Entre os 100 principais produtos, os que mais ganharam posições frente a 2020 foram aqueles impactados pelos preços internacionais.
“Dos produtos que mais ganharam posições, quatro são ligados à metalurgia, o que demonstra o avanço dessa atividade industrial. Os produtos da metalurgia estão muito atrelados aos preços internacionais, que tiveram alta em 2021. Com isso, no mercado interno, outras atividades tiveram seus custos aumentados por causa do preço do aço. Houve um efeito em cadeia”, diz Synthia Santana.
Dez atividades concentram 77,1% das receitas da indústria em 2021
Em 2021, as dez maiores participações na receita líquida de vendas foram: produtos alimentícios (16,9%), produtos químicos (10,8%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (9,8%), metalurgia (8,5%), veículos automotores, reboques e carrocerias (8,0%), extração de minerais metálicos (7,0%), extração de petróleo e gás natural (4,7%), máquinas e equipamentos (4,5%), produtos de borracha e de material plástico (3,7%) e celulose, papel e produtos de papel (3,2%).
“É importante destacar a força das commodities e da indústria alimentícia, como a produção de carnes refrigeradas e de miudezas de aves, que estão entre as dez primeiras atividades. A indústria automotiva perde participação em relação a 2020, num tipo muito específico de carros. As dez principais atividades concentram 77,1% da RLV da indústria, ante 74,7% em 2020”, analisa Synthia Santana.
Frente a 2020, as atividades industriais que mais ganharam participação na RLV foram metalurgia (1,5 ponto percentual), extração de minerais metálicos (1,1 p.p.), extração de petróleo e gás natural (1,1 p.p), coque, produtos derivados de petróleo e biocombustíveis (1,1 p.p.) e máquinas e equipamentos (0,3 p.p.). Já os setores que mais perderam participação foram produtos alimentícios (-2,4 p.p); bebidas (-0,6 p.p.), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-0,4 p.p.), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-0,3p.p.) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-0,3 p.p.).
Sudeste é a única região a perder participação
Em dez anos, observa-se uma redução na concentração das atividades industriais no país. A participação do Sudeste cai 4,7 p.p., enquanto a do Nordeste permanece estável, a do Norte aumenta 2,2 p.p., a do Sul sobe 0,8 p.p., e a do Centro-Oeste cresce 1,6 p.p. “Há duas razões: o deslocamento de algumas plantas industriais para o Centro-Oeste, especialmente a indústria alimentícia, e o aumento da participação da região Norte, com a elevação de preços da indústria extrativa”, analisa Synthia Santana.
A concentração da receita nos três principais produtos de cada região pode ser indício da especialização da produção regional. Os maiores níveis de concentração ocorreram no Norte (42,2%) e no Centro-Oeste (26,2%).
A Região Norte responde por 8,3% da RLV do país e seus principais produtos têm origem na extração de minerais metálicos e na fabricação de produtos eletroeletrônicos na Zona Franca de Manaus, porém nos últimos anos vem crescendo a produção de carne.
No Nordeste, responsável por 9,7% da receita industrial brasileira, os destaques foram óleo diesel (3,4%), óleos combustíveis (3,1%) e lingotes, blocos, tarugos ou placas de aços ao carbono (2,8%), que somados equivalem a 9,3% do total da receita. “Os produtos de metalurgia não faziam parte desse ranking em 2012 e ganharam mais espaço em 2021”, diz Santana.
O Sudeste concentra 54,2% das vendas industriais e tem as maiores bacias petrolíferas do país, as principais refinarias de petróleo e o quadrilátero ferrífero em Minas Gerais. “Óleos brutos de petróleo (7,5%), minérios de ferro (5,1%) e óleo diesel (2,8%) totalizaram 15,4% da RLV da região”, destaca a gerente.
Na Região Sul, que responde por 20,6% das vendas nacionais, os destaques vieram de óleo diesel (3,2%), de carnes e miudezas de aves congeladas (3,1%) e de tortas, bagaços e farelos da extração do óleo de soja (2,6%), que alcançaram 8,9% do valor de vendas na região
O Centro-Oeste tem 7,1% do total da receita industrial do país e seu destaque é a agroindústria: tortas, bagaços e farelos da extração do óleo de soja (9,6%), carnes de bovinos frescas ou refrigeradas (8,8%) e álcool etílico (etanol) não desnaturado para fins carburantes (7,8%) foram responsáveis por 26,2% das vendas da região.
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Edição: Hector Santana, com informações da assessoria
Foto: CSN/ Divulgação