O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, confirmou nesta sexta-feira que a instituição de fomento participará de estudos sobre a viabilidade econômica da exploração de petróleo e gás na chamada “margem equatorial”, área em alto-mar que vai do litoral do Amapá à costa do Rio Grande do Norte, incluindo a Foz do Rio Amazonas. A iniciativa foi antecipada pelo colunista Lauro Jardim, na quarta-feira, dia 31.
O presidente do banco evitou se posicionar favorável ou contrariamente à exploração dos recursos, mas defendeu a realização dos estudos e uma avaliação rigorosa por parte do Ibama e ressaltou que, no contexto da transição para uma economia de baixo carbono, o petróleo ainda fará parte da matriz energética “pelo menos nas próximas décadas”.
Segundo a nota de Lauro Jardim, técnicos do banco estão estudando o caso da Guiana, na mesma região e onde já existe produção de petróleo. Vão também trabalhar em projetos de desenvolvimento sustentável da região, que poderão ser executados com o dinheiro arrecadado com a exploração do petróleo amazônico.
Especialista
O professor da Universidade do Estado do Amazonas, Renan Albuquerque, que também é doutor em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Ufam, e pós-doutorado em Diversidade e Direitos Humanos pela USP. Falou ao portal O Convergente sobre a importância da decisão do Ibama em relação ao Amazonas.
“Essa decisão é importante porque força a Petrobras a realizar melhores e maiores estudos de impacto ambiental e relatórios de impacto ambiental. Isso significa que as populações tradicionais do entorno serão consultadas, comunidades do entorno serão consultadas e ainda caboclos e ribeirinhos que moram ao redor da área serão consultados. Primeiro quando a gente fala ao redor ou em torno da área eu me refiro às comunidades do beiradão né? […] Então é interessante notar que houve um cuidado do IBAMA em proferir essa decisão. Porque caso isso não acontecesse poderia se passar por cima de legislações ambientais, o que não é interessante nem pra Petrobras, nem pro próprio Ibama, nem pro Brasil como um todo. Então acredito que foi uma decisão acertada, porque como eu disse, faz com que novos e maiores estudos sejam viabilizados, para que possa entender melhor como se dá o impacto socioambiental e os efeitos desse impacto sobre a populações e comunidades de biodiversidade e humanas do foz do Amazonas”, concluiu.
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Da redação
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