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segunda-feira, julho 8, 2024

Cientista político avalia desenvoltura de Lula e do Brasil no G7

Em uma análise geral sobre as viagens, encontros internacionais e os acordos bilaterais firmados entre o Brasil e demais países, o cientista político Márcio Araújo contextualizou a importância de estreitar laços internacionais e trazer a confiança ao país em um cenário global

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A viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à reunião do bloco de países bem desenvolvidos (Alemanha, Canadá, os Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido), nominados de G7, gerou polêmicas quanto à questão de os mandatários brasileiro e ucraniano, Volodymyr Zelensky, não terem se encontrado frente a frente para uma conversa mais ampla sobre os conflitos gerados pela guerra entre a Ucrânia e a Rússia.

Falas anteriores do presidente Lula a respeito do tema foram muito criticadas quando ele se posicionou sobre a mediação e o pedido de paz, dando a entender que estava defendendo um lado e, supostamente, culpando o outro, quando disse: “A decisão da guerra foi tomada por 2 países”. Depois deste episódio, tem sofrido forte cobrança dos EUA e de integrantes da União Europeia para se retratar.

Se por um lado, Zelenky afirmou que Lula ficou chateado com sua ausência na reunião bilateral marcada durante o encontro do G7, por outro, o brasileiro disse que o ucraniano se atrasou e não compareceu à reunião, tendo assim que se reunir com o primeiro-ministro vietnamita, Pham Minh Chinh.

Em uma análise geral sobre as viagens, encontros internacionais e os acordos bilaterais firmados entre o Brasil e demais países, o cientista político Márcio Araújo contextualizou a importância destas viagens para o país no cenário global.

“Acredito que é importante destacar no contexto da nossa história recente, pós golpe militar, a construção de um mundo mais multipolar, um esforço crescente nas tentativas globais de discussão e diálogo entre os países, exigindo que os líderes brasileiros pensem para além da fronteira nacional. Destaco, então, a dimensão e expressão internacional dos governos de Fernando Henrique Cardoso e de Lula como vinculados a esses esforços. Os encontros internacionais feitos pelo governo brasileiro recentemente dizem respeito a essa tentativa de reintroduzir a política internacional brasileira no âmbito das estratégias internacionais dos atores políticos globais”, avaliou.

Araújo também questionou sobre o que o país tem a oferecer nestas rodadas de acordos multilaterais, pontuando que essa é a construção que Lula tenta fazer quanto à política externa internacional e à mediação em conflitos, trazendo a baila das discussões, temas como: a fome, a preservação da Amazônia e dos recursos renováveis.

“Cabe perguntar, então, o que teria o Brasil para negociar na mesa das relações multilaterais? O presidente Lula, aparentemente, tenta construir uma política externa com o tema da mediação de conflito, ou um aspecto de país interlocutor para a política internacional. Temas como combate à pobreza, a preservação ambiental da Amazônia e o uso de recursos renováveis são temas cada vez mais presentes e de interesse na pauta multilateral e de enorme interesse econômico para o Brasil. Mas, durante a viagem do presidente Lula, teve o tema candente (ardendo em brasa) da guerra Rússia e Ucrânia. Neste quesito, há duras críticas de adversários políticos apontando que a política externa brasileira pode ter dado um tiro no pé nesse item”, explica Araújo.

Lula e Zelensky

Sobre a questão do “desencontro” de Lula e Zelensky em reunião, embora tenha sido polêmico, o cientista político ressaltou que o presidente ucraniano chegou sem ser convidado e correu o risco de não ter participado de certas reuniões.

“O presidente ucraniano chegou no encontro restrito do G7, sem ser convidado e assumiu o risco de tentar uma agenda com várias autoridades. Porém, não teve agenda bem sucedida com o presidente brasileiro. É neste item que a política externa de Lula sofre com as recentes críticas. Fica a dúvida se seria o presidente Lula um interlocutor mais provável para estas relações territoriais e de interesse em conflito nas fronteiras do leste Europeu? A visibilidade que o Brasil vem construindo, além da fronteira Sul-americana, exige uma combinação de equilíbrio em se fazer um interlocutor internacional relevante e, ao mesmo tempo, um parceiro econômico global promissor”, disse o cientista, complementando que o G7 serviu de reforço para alianças bilaterais entre Brasil e outros países, bem como um aceno de confiança à política brasileira.

“Acordos comerciais e financeiros, em Hiroshima, com os integrantes do G7, demais convidados e reforço em alianças bilaterais estavam na pauta e foram assinados. Significando não apenas recurso externo no caixa brasileiro, mas um aceno de confiança na política brasileira. Ao contrário, no governo do seu antecessor alguns acordos foram cancelados”, explicou Márcio Araújo.

Panorama geral

Em um panorama geral sobre as viagens feitas e os acordos fechados pelo presidente Lula, o cientista político enfatizou que todos têm sido de grande valia ao Brasil como forma de atrair novos recursos, o que também vai trazer o fortalecimento da confiança e das relações internacionais de outras nações face ao país.

“O presidente Lula traz um dos acordos bem interessantes de apoio multilateral e financiamento para o combate de ações criminosas contra a Floresta Amazônica (desmatamento e mineração ilegal, por exemplo), o que pode melhorar o aparato policial para esse fim. Assim, a política externa do governo Lula, as viagens internacionais e os temas multilaterais chamam a atenção não só para o novo papel do Brasil no cenário global, como também para a atração de novos recursos ao país, fortalecendo as relações de confiança internacional”, finaliza a análise.

Leia mais: Especialista analisa como positivas as viagens de Lula e os fechamentos de acordos internacionais

 

Por Edilânea Souza

Fotos: Divulgação / Ilustração: Marcus Reis

Revisão textual: Vanessa Santos

Colaboração – Márcio Araújo – cientista político

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