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sábado, julho 6, 2024

Universidades rebatem Nota Técnica do Conselho de Economia sobre a falta de profissionais e inadimplências

Nota conjunta das universidades foi compartilhada na semana passada e pontua que, as instituições, não são culpadas pela queda no número dos associados ao Conselho

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Universidades localizadas na capital Manaus e no Amazonas rebateram, no último dia 4 de maio, informações contidas na Nota Técnica N° 1/2023 emitida pelo Conselho Regional de Economia do Estado do Amazonas (Corecon-AM), que versa sobre a baixa quantidade de novos registros de economistas no Conselho, bem como o elevado número de cancelamentos e inadimplências da anuidade e as possíveis causas para esse cenário.

Entre as universidades que contestaram as informações do Corecon-AM, estão: representantes da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Instituto Federal do Amazonas (IFAM) e a Universidade Nilton Lins. A nota conjunta das universidades pontua que não é culpa dos estabelecimentos de ensino a queda de associados ao Corecon-AM.

“É importante destacar que na referida Nota, o CORECON-AM tenta transferir a responsabilidade do cenário adverso da carreira de Economista para as Instituições de Ensino Superior (universidades ou faculdades). ‘Parece, a princípio, que a diminuição dos registros de economistas no CORECON-AM esteja ligada à uma dissonância entre a formação profissional na faculdade e as exigências do mundo real do trabalho’. Essa afirmação é equivocada e irresponsável, pois ignora o fato de que muitos economistas atuam em áreas que não exigem registro em Conselho […]”, diz nota conjunta das universidades se referindo ao ponto destacado pelo Conselho de Economia.

“O número de registros ativos de economistas no Estado do Amazonas apresenta tendência de queda nos últimos anos. O gráfico a seguir apresenta a curva com registros ativos e uma outra com a tendência linear. Em 2015 teve-se 1.864 registros ativos. Em 2022 registrou-se 1.559. É uma redução de 16,4% entre os dois anos. Estima-se que o total de registros para 2023, 2024 e 2025 seja de 1.422; 1.379 e 1.337, respectivamente. Nota-se que a estatística, de capacidade explicativa do modelo, resultou em 0,9704”, diz trecho da Nota emitida pelo Corecon, contestada por representantes das universidades.

A equipe de reportagem procurou o Corecon para saber se a entidade iria se manifestar sobre a nota das universidades, no entanto, não houve retorno.

Confira a nota conjunta das universidades:

No final do mês de abril de 2023, a Comissão de Valorização Profissional do Conselho Regional de Economia do Estado do Amazonas (Corecon-AM) divulgou a Nota Técnica No 1/2023 sobre a baixa quantidade de novos registros no Conselho, o elevado número de cancelamentos e inadimplência da anuidade e as possíveis causas desse cenário.

É importante destacar que na referida Nota, o Corecon-AM tenta transferir a responsabilidade do cenário adverso da carreira de Economista para as Instituições de Ensino Superior (universidades ou faculdades).  “Parece, a princípio, que a diminuição dos registros de economistas no Corecon-AM esteja ligada à uma dissonância entre a formação profissional na faculdade e as exigências do mundo real do trabalho”. Essa afirmação é equivocada e irresponsável, pois ignora o fato de que muitos economistas atuam em áreas que não exigem registro em Conselho, como consultoria, finanças e análise de dados. A empregabilidade dos egressos dos cursos de Ciências Econômicas não pode ser medida apenas pelo número de registros no Corecon. Muitos egressos têm tido sucesso profissional sem terem interesse em se registrar, inclusive aqueles que decidem empreender em atividades que não são de consultoria, mas para as quais o curso lhes é útil.

Cabe ressaltar que o mais importante a ser investigado não foi discutido na Nota Técnica do Corecon-AM. Ou seja, por que tanto desinteresse em se registrar no Corecon? Quais os motivos de tantos cancelamentos de registros? E o que o Corecon-AM fará para reverter esse cenário? Colocar a culpa apenas nas universidades não é o caminho. O Corecon-AM deveria investigar a fundo os porquês dos cancelamentos de registros. Por exemplo, professores têm pedido o cancelamento do registro, dado a prerrogativa de serem docentes. Mas o real motivo é o descontentamento em relação à atuação do Corecon-AM, que se demonstra totalmente inerte.

A graduação em Ciências Econômicas é plural com disciplinas teóricas, históricas e quantitativas. O Economista, com sólida formação nesses campos do conhecimento, torna-se profissional com efetivas competências para contribuir com todas as dimensões econômico-financeiras relevantes das organizações privadas e públicas. Estas são amplificadas quando complementam ou interagem com as áreas de gestão, contábeis, engenharia da produção e relacionadas ao direito, entre outras. Essa pluralidade e diversidade da formação do profissional levam a uma demanda não percebida pelo mercado. O que é muito diferente de não haver demanda. Caberia ao CORECON-AM informar ao mercado sobre a qualidade de seus profissionais e para quais ocupações esse perfil pode ser aderente. Ou seja, o papel do conselho é exaltar a importância do profissional de economia. Por exemplo, o economista poderia atuar facilmente como assessor parlamentar. O Corecon inclusive poderia reivindicar junto ao poder legislativo tal atuação.

Evidentemente, as Instituições de Ensino Superior precisam e podem adaptar seus currículos às necessidades do mercado. No entanto, aquilo que as universidades oferecem e o que conselho pode e deveria oferecer precisam ser melhor articulados e estabelecidos. Além disso, ressalta-se que o Curso de Ciências Econômicas está aberto a aprimoramentos e que estes são um processo continuado. A inclusão da Ciência de Dados não precisa ser um processo específico como o do Imperial College de Londres, mas sim, adaptado à legislação atual.

Além do mais, a conclusão a que chega o Corecon-AM, tem como base um trabalho econométrico totalmente equivocado, fazendo uso de uma amostragem muito pequena, não condizente com o que preconiza a literatura, aplicando a técnica dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO) o que demonstra a inobservância dos fundamentos teóricos e metodológicos importantes, quando se trabalha com econometria, ou a deliberada intenção de forçar um resultado alarmante.

Portanto, repudiamos veementemente a postura do Corecon-AM e pedimos que os órgãos federais responsáveis pela regulação da profissão se empenhem em promover a valorização dos economistas e estimular a formação de novos profissionais. Acreditamos que a Economia é uma área fundamental para o desenvolvimento do país e que deve ser valorizada e incentivada. As universidades estão à disposição para trabalhar em prol da valorização da profissão e entende que todas as instituições interessadas devem atuar juntas prezando sempre pela cooperação mútua.

Nota Ufam

Nota Técnica – Corecon

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Da Redação

Fotos: Divulgação / Ilustração: Marcus Reis

Revisão: Érica Moraes

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