Quando comecei a me interessar por política, o Brasil já estava polarizado. Uma briga sem sentido dominava o país e as massas só sabiam se mover à direita e à esquerda. Em 2016, quando a ex-presidente Dilma sofreu o impeachment, vi pela primeira vez um presidente eleito ser destituído do cargo, um grande marco para a nossa democracia, uma vez que ela foi a nossa primeira Presidente, ou melhor, Presidenta, mulher.
Desde cedo, apesar de não me interessar muito, sempre respirei política. O meu pai, o professor e advogado Francisco Calheiros (1968-2020), se candidatou ao cargo de Deputado Estadual pelo PV quando eu ainda era pequeno. Lembro-me como se fosse ontem de um fusca que andava pelas ruas da cidade com uma música em looping: “43521 pra Deputado Estadual, professor Calheiros esse é o nosso ideal!”. Isso foi nas eleições de 2006. Ele não foi eleito. Em 2018 também tentou se eleger para o mesmo cargo, mas amargou os 1.537 votos e não teve chance.
Vejo hoje um país diferente de quando eu era pequeno, diferente de quando comecei a me interessar por política e espero que muito diferente do país que pretendo deixar para os meus filhos quando eu estiver velho. De dois em dois anos nós vamos às urnas para escolher os nossos representantes e o Amazonas, com sua memória fraca, ainda tem muito a aprender.
Depois do meu pai, foi a vez de um dos meus melhores amigos se candidatar e tentar a sorte na política. Considerado uma das surpresas nas urnas em 2020, dois anos depois foi eleito, proporcionalmente, o Deputado Federal mais votado do país. Através do Amom e dos seus projetos sociais, tenho observado a política de um jeito diferente e sinto que, se a sociedade quiser avançar de verdade, precisamos começar a agir diferente.
Muitos me perguntam se penso em me candidatar. Sinceramente, o meu único desejo é ter tempo para escrever, beijar a garota que eu gosto e construir a minha carreira literária e jurídica. Hoje eu faço política sem precisar colocar o meu nome nas urnas. Porque a política é necessária e através da literatura, da poesia, da arte e da cultura ela também é feita e aos poucos, unidos, podemos tornar a nossa sociedade um lugar melhor.
Aliás, eu acho que foi golpe.
Por Pedro Calheiros
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