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segunda-feira, julho 1, 2024

Sem Amazonino Mendes, ‘escola política’ iniciada com Gilberto Mestrinho terá novo rumo no AM

Fim de uma era política é evidenciada com a morte de Amazonino Mendes e fica agora um questionamento: quem dará sequência a esta escola política iniciada por Gilberto Mestrinho e que estava nas mãos de Amazonino Mendes?

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A morte do ex-governador do Amazonas, Amazonino Mendes (Cidadania) causou comoção no meio político e nas redes sociais nesse domingo, 12/2. Muitos dos políticos prestaram homenagens póstumas a Mendes, entre eles, os senadores Omar Aziz (PSD) e Eduardo Braga (MDB), além de Alfredo Nascimento (PL), Arthur Neto e José Melo, que atualmente estão sem cargos políticos.

Todos esses nomes passaram de certa forma na “escola política” que começou com Gilberto Mestrinho, morto em julho de 2009, e que conseguiu manter uma hegemonia do grupo por um longo período, em mais de 30 anos, quase que de forma ininterrupta. 

Com a morte de Mestrinho coube a Amazonino Mendes segurar o bastão como político de influência e poder no Estado. Mendes foi pupilo de Gilberto e cumpriu como o “mestre mandou” seu papel como gestor público, exercendo por quatro vezes o posto de governador do Amazonas, três como prefeito de Manaus e um como senador federal. Além disso, Amazonino arrebanhou nomes que fazem parte da política no cenário nacional até os dias atuais.

Agora, com a morte de Amazonino Mendes se encerra uma era e inicia outra, porém, a pergunta que fica no ar, é: Quem assumirá o posto de político influente no AM?

Da escola política de Gilberto, ainda estão na atividade, mesmo que sem mandatos, Arthur Neto, José Melo, Alfredo Nascimento, Omar Aziz e Eduardo Braga e, possivelmente, deva vir destes nomes a continuidade dessa escola.

Pesar – Nas redes sociais, o ex-senador Arthur Neto lamentou a morte de Mendes e disse que se abriu uma lacuna na política amazonense.

“Que pena, mas nós já prevíamos isso que, aliás, é o destino de todos. Não tenho como fugir do simplório lugar comum: abre-se uma “lacuna imprescindível na política do Estado”, escreveu Neto. 

O ex-governador José Melo também comentou sobre a morte de Amazonino Mendes e destacou o quanto o político se preocupou com o interior do Estado.

“O Amazonino foi, sem dúvida, o maior político do nosso Estado: inteligente, trabalhador, estrategista e de grande visão. Governou o Amazonas em momentos difíceis, mas, tirou água de pedra e deixou um legado invejável em todas as áreas. Foi o primeiro governador a se preocupar com o interior do Estado. Cuidava da “coisa pública” (dinheiro do povo) com respeito. Fez renascer das cinzas, com a ajuda do Robério Braga, a Cultura em nosso Estado. Viveu o seu tempo a muitos quilômetros à frente dos outros. Que Deus o receba no seu Reino de Luz”, disse Melo.

Quem também lamentou a morte de Mendes foi o ex-prefeito de Manaus, Alfredo Nascimento (PL). “Perdemos o maior, melhor e mais realizador político do nosso Estado. Uma vida inteira dedicada a coisa pública. Deixa um legado insuperável”, destacou.

O senador Eduardo Braga (MDB) disse que é impossível falar da política amazonense sem destacar a história de Amazonino Mendes nos últimos 50 anos. 

“É impossível contar os últimos 50 anos da história do Amazonas sem dedicar importantes capítulos a Amazonino Mendes. Suas vitórias, suas derrotas, seus acertos e erros são fontes inesgotáveis de inspiração. Sua trajetória permanecerá para sempre como uma bússola para quem alimenta o genuíno propósito de servir a população, especialmente a menos favorecida, a que habita as periferias das metrópoles e os rincões mais distantes da Amazônia”, escreveu o senador.

Omar Aziz também relembrou a trajetória política de Amazonino e como o conheceu. “ Conheci o Amazonino nos anos 80. Eu no movimento estudantil, ele prefeito de Manaus nomeado pelo Gilberto Mestrinho. Desde então, já fomos aliados e já estivemos em lados opostos, como determina a democracia. O respeito e admiração sempre foram a marca dessa relação”, comentou Omar nas redes sociais.

PazesInclusive, em fevereiro do ano passado, o Portal O Convergente noticiou o reencontro dos dois políticos, o que parecia ter sido o sinal de que Aziz e Amazonino estavam novamente selando as “pazes”

O encontro, ocorrido em evento no estado de São Paulo, na ocasião, foi considerado um “marco” no cenário político do Amazonas, já que os dois, segundo informações do meio político, estavam sem se falar até aquela presente data.

Breve histórico – Natural do município de Eirunepé, Amazonino Mendes tinha 83 anos de idade. Em sua longa carreira política foi Senador da República, prefeito de Manaus por três mandatos e quatro vezes governador do Estado.

Carreira política de Amazonino Mendes

  • Prefeito de Manaus (1983–1986) – Em 1983 Amazonino assumiu a PMM indicado no ano anterior por Gilberto Mestrinho. Um dos feitos desse seu primeiro mandato foi à regularização de invasões existentes e a urbanização de bairros, alguns com mais de 30 anos.
  • Governador do Amazonas (1987–1990) – iniciou o primeiro mandato como governador. Um dos feitos importantes da época foi o lançamento das bases para o crescimento do Festival de Parintins. Em 1988, ele construiu o Centro Cultural de Parintins, conhecido atualmente como “Bumbódromo”. Também durante a sua gestão da época, foram feitas a restauração do Teatro Amazonas e do Reservatório do Mocó, ambos patrimônios culturais do Estado.
  • Prefeito de Manaus (1993–1994) – assumiu a Prefeitura, anos após ser eleito senador da República (1990). Ele ficou dois anos no mandato, porque deixou a Prefeitura para assumir o segundo mandato de governador, tendo sido eleito em 1º turno.
  • Governador do Amazonas (1995–1998) – Assumiu o Governo pela segunda vez. Nesse período sua gestão foi responsável por construir o Hospital e Pronto-Socorro Dr. João Lúcio, com o pronto-socorro infantil anexo, os Centros de Atendimento Integral à Criança (Caics), os Centros de Atenção Integral à Melhor Idade (Caimi), além de reformar e ampliar o Hospital Dr. Adriano Jorge. Na área da educação, destaca-se a implantação da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Ao fim do mandato, Amazonino Mendes disputou as eleições e foi reeleito governador do Estado do Amazonas onde ficou de 1999 até 2002.
  • Prefeito de Manaus (2008 – 2012) – Em 2008, após disputar e perder algumas eleições, Amazonino se candidatou novamente à Prefeitura de Manaus pelo PTB e foi eleito após ir para o segundo turno das eleições, com o então prefeito Serafim Corrêa (PSB). Mendes foi eleito com mais de 57% de votos. Nesse período foi criado o Programa Bolsa Universidade.
  • Governador do Amazonas (2017–2019) – Amazonino disputou pelo PDT as eleições suplementares e venceu o segundo turno contra o ex-governador Eduardo Braga (MDB).
  • Eleições – Nas eleições seguintes, Mendes disputou aos cargos de prefeito de Manaus, em 2020, e para o Governo do Amazonas, em 2022, mas apesar de inúmeros votos dados por seus eleitores, o político não venceu as respectivas eleições.

 

Da Redação

Fotos: Divulgação / Ilustração: Marcus Reis

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