Críticas do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sobre os juros do Banco Central (BC) dividiu opiniões durante sessão no plenário da Câmara dos deputados na terça-feira (7). As divergências começaram quando o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) anunciou que convocaria o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, para discutir os rumos da economia.
“Nós não podemos aceitar que um presidente do Banco Central determine e freie a economia do País”, disse o parlamentar ao criticar a decisão de manter a taxa de juros em 13,75%. “Quando o presidente Lula se pronuncia e fala sobre juros, não é uma provocação. A preocupação dele é com o crescimento econômico, com a geração de empregos”, disse Lindbergh.
Já o deputado Mauro Benevides Filho (PDT-CE) afirmou que vai solicitar ao Banco Central o envio dos parâmetros que basearam a decisão de manter a taxa de juros em patamar elevado. “Não existe nenhum outro país que tenha uma taxa de juros comparada ao Brasil. Vou requerer ao Banco Central o envio dos parâmetros para que a gente possa dar a nossa contribuição para o aprimoramento da política monetária”, afirmou.
O líder do Psol, deputado Guilherme Boulos (PSol-SP), afirmou que Campos Neto quer ser o “dono” da política monetária brasileira. Ele criticou o fato de Campos Neto ter supostamente laços com ministros do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao mesmo tempo em que se diz independente.
“Como falar em um Banco Central independente quando quem lucra com isso são os banqueiros? Manter essa taxa de juros tão alta é uma vergonha para o país”, disse. Ele anunciou que o Psol vai apoiar a convocação de Campos Neto e apresentar um projeto de lei para reverter a autonomia do Banco Central.
Já o deputado José Nelto (PP-GO) afirmou que além de convocar o presidente do BC o Ministro da Encomia, Fernando Haddad deverá ser convocado para explicar sobre tal poder dos bancos sobre o Governo e principalmente sobre a economia.
Durante a sessão, ataques também foram deferidos contra as criticas de Lula. Os deputados Carlos Jordy (PL-RJ) e Maurício Marcon (Pode-RS) afirmaram que Lula queria tirar a autonomia dos Bancos e culpa-los sobre a atual situação do País.
Marcon afirmou que o chefe do Poder Executivo quer transformar o Brasil em uma Venezuela. “O que é produzir dinheiro? É colocar a maquininha para rodar para financiar obra na Argentina, em Cuba e na Venezuela. Isso vai gerar inflação, isso vai fazer com que o nosso País se torne uma Venezuela”, afirmou.
Durante uma entrevista exclusiva para a Globo News, o presidente da República Lula rebateu com críticas a alta de juros do Banco Central, afirmando ser uma ‘’bobagem’’ que a escolha do presidente independente vai fazer mais que o Banco Central quando era o presidente que indicava. Duvidando ainda se o presidente do BC seja mais independente que o Meirelles, que a meta de inflação do país, de 3,75%, obriga a “arrochar” a economia brasileira em momento que precisa voltar a crescer.
Em publicação no twitter o ex-presidente Bolsonaro rebateu fala de Lula em dizer que “durante a pandemia quem era rico ficou mais rico e o povo ficou mais pobre”
“Mesmo com pandemia, o ‘fique em casa que a economia a gente vê depois’ e uma guerra que afeta a economia de todo mundo a economia de todo o mundo, o Brasil avançou devido ás atitudes do Governo Jair Bolsonaro, como desburocratização, digitalização e outras ações como a Lei de Liberdade Econômica”.
Pontos positivos e negativos
O professor universitário e consultor econômico, Mourão Junior explicou sobre os questionamentos do presidente Lula de manter os juros altos para fazer a inflação ficar em torno do teto da meta de 3,75%.
“O mecanismo de juros do Banco Central é usado para manter a inflação, se você aumenta a taxa de juro, você inibe o consume e ao mesmo provoca que o comerciante baixe o valor para vender sua mercadoria que é o lado perfeito da teoria, ao contrario, o empresário que desejar comprar uma máquina, fazer um investimento ou um financiamento, não poderá pois os juros estarão muito alto, de um lado ela ajuda a questão de tentar puxar a inflação, mas de outro, ela trava a economia. Uma taxa alta no momento em que a inflação esta controlada é pedir para travar a economia, em um momento que a economia precisa crescer, já que estamos em uma pós-pandemia de um novo governo”, ressalta o economista Mourão.
Por: Kalinka Vallença com informações da Câmara dos deputados
Com colaboração do professor universitário e consultor econômico, Mourão Jr.
Foto: Divulgação / Ilustração: Marcus Reis