O mesmo mercúrio usado pelo garimpo ilegal que está causando doenças entre o povo Yanomami também contamina os animais, a água dos rios e igarapés, o solo da floresta e até o ar. Altamente tóxico e de difícil remoção, o metal representa um risco sanitário e ambiental. No Brasil, o seu uso é controlado pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
Hoje, todo mercúrio que é usado em mineração é irregular, segundo um integrante da coordenação do Ibama da operação Hermes (Hg), que, no ano passado, investigou a “lavagem” do metal contrabandeado. Enquanto operações em garimpos normalmente apreendem entre cinco e dez quilos de mercúrio, a ação em parceria com a Polícia Federal confiscou 200 kg e inutilizou a autorização para o uso de outras sete toneladas de mercúrio.
Caso Yanomami
No último mês o Brasil e o mundo vivenciaram a grande repercussão negativa de um surto de desnutrição e malária que acomete os povos originários da terra Yanomami, em Roraima, uma das maiores reservas indígenas de todo o país. Diante da crise sanitária, o Ministério da Saúde (MS), encaminhou equipes de agentes de saúde até a região, e desde o último dia 16 de janeiro, trabalha no resgate dos indígenas mais vulneráveis para hospitais da capital Boa Vista, e na saúde dos que ficaram nas aldeias.
Intoxicação por mercúrio
A intoxicação por mercúrio pode provocar danos ao sistema neurológico. As consequências podem variar desde dores no esófago e diarreia a sintomas de demência. Depressão, ansiedade, dentes moles por inflamação e falhas de memória também estão entre os sintomas. Um perigo ofuscado pelo brilho do ouro.
Alguns dos sintomas causados pelo mercúrio:
- Febre; tremores, reações alérgicas na pele e nos olhos; sonolência; delírios; fraqueza Muscular; náuseas; cefaleia; reflexos Lentos; memória falha; mau funcionamento dos rins, fígado, pulmão e sistema nervoso
Ouro
O ouro pode ser encontrado na natureza sob duas formas: em pepitas (ou seja, pedras) e como partículas muito finas misturadas ao solo ou ao sedimento do fundo dos rios. “É nessa forma de partículas finas que se apresenta na Amazônia”, afirma a química ambiental Anne Fostier, pesquisadora do Instituto de Química da Unicamp que há três décadas estuda o ciclo do mercúrio na região.
Para encontrar o ouro é preciso cavar o solo ou sugar o sedimento do fundo dos rios, o que é feito com balsas. Essa lama é misturada ao mercúrio metálico (a mesma forma encontrada em termômetros, por exemplo), que forma uma amálgama com o ouro. Em seguida, essa amálgama é queimada. Como o mercúrio é volátil, quando é queimado ele vira um gás e sobra só o ouro.
Com o descarte da lama contaminada, o mercúrio vai parar no solo e na água dos rios e lençóis freáticos. Com a queima, polui a atmosfera.
Por: Kalinka Vallença com informações da Revisita Cenarium
Foto:Divulgação