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segunda-feira, julho 8, 2024

Em depoimento à PF, Ibaneis Rocha nega acusações de omissão em atos de vandalismo em Brasília e fala em ‘sabotagem’

Governador afastado negou conivência com as manifestações antidemocráticas e afirmou que, pouco antes da invasão aos prédios dos Poderes, recebeu a informação de que a situação estava controlada

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O governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), prestou depoimento à Polícia Federal (PF) por cerca de duas horas e meia nessa sexta-feira, 13/1, sobre os atos de vandalismo ocorridos no domingo, 8/1, em Brasília, que iniciaram na Praça dos Três Poderes e terminou com os prédios do Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal (STF) depredados.

Durante os questionamentos feitos ao governador do DF, o delegado responsável perguntou a Ibaneis se ele sabia dos protestos e do risco de atos violentos e o governador afastado negou ter sido omisso, mas afirmou que não tinha conhecimento da possibilidade de ações radicais. Ele disse que os órgãos de segurança do governo Distrito Federal estavam cientes da manifestação e prepararam um protocolo integrado de ações.

Rocha também disse que, como gestor, não participou das reuniões para elaboração desse plano e não tinha a atribuição de ‘examinar em minúcias’ questões operacionais de segurança.

O governador afastado negou conivência com as manifestações antidemocráticas e afirmou que, pouco antes da invasão aos prédios dos Poderes, recebeu a informação de que a situação estava controlada. Em áudio, o então secretário de Segurança Pública do Distrito Federal em exercício, delegado Fernando de Sousa Oliveira, disse que as coisas estavam transcorrendo de maneira ‘tranquila, ordeira e pacífica’. A gravação foi compartilhada pelo governador com os investigadores.

Ibaneis declarou que recebeu mensagens do ministro da Justiça, Flávio Dino, alertando sobre a chegada de vários ônibus com manifestantes em Brasília. Ele disse que a informação foi repassada para a Secretaria de Segurança.

O governador contou que acompanhava os protestos pela televisão e que, assim que a manifestação começou a sair do controle, imediatamente entrou em contato com o secretário de Segurança em exercício e deu ordem para que todas as providências fossem tomadas para esvaziar o prédio do Congresso Nacional, o primeiro a ser invadido, e para prender os vândalos.

Ibaneis também foi questionado sobre a atuação das forças de segurança do Distrito Federal. A Polícia Militar não conteve os manifestantes. Ele afirmou que foi ‘surpreendido’ pelo comportamento de alguns policiais militares, mas defendeu que não poderia ser responsabilizado pela ‘sabotagem’ ao comando.

Em outro momento, o governador justificou a exoneração do então secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, que estava de férias nos Estados Unidos. Ele afirmou que ‘perdeu a confiança’ no ex-secretário, porque ele estava ‘ausente’ em meio aos protestos.

Acampamentos – O governador afastado foi perguntado ainda sobre os acampamentos montados em frente ao QG do Exército, em Brasília. Ele afirmou que a área fica sob jurisdição das Forças Armadas. Também relatou que defendeu desmontar as estruturas antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que o Exército foi contra a remoção.

O depoimento foi marcado a pedido da própria defesa após o afastamento do governador, determinado pelo ministro Alexandre de Moraes e confirmado por maioria no plenário virtual do Supremo Tribunal Federal (STF). Os advogados Cleber Lopes e Alberto Zacharias Toron, que representam Ibaneis Rocha, entregaram documentos que comprovam as informações prestadas por ele.

“A nossa expectativa é a de que agora seja afastada essa tese de que o governador, em algum momento, pudesse ter concordado ou concorrido para a prática de qualquer ato antidemocrático”, disse Lopes. “E também que a investigação seja capaz de encontrar qual foi a razão pela qual ocorreu esse processo que nós estamos classificando como um processo de sabotagem ao plano anteriormente estabelecido.”

Moraes atendeu ao pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e autorizou a abertura de um inquérito para apurar se houve omissão ou conivência de autoridades do DF com os atos golpistas. O rol de investigados inclui, além do governador afastado Ibaneis Rocha e do ex-secretário de Segurança Pública interino, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o ex-comandante geral da Polícia Militar do DF Fábio Augusto Vieira, que tiveram as prisões preventivas decretadas pelo STF.

Defesa de Ibaneis – O governador Ibaneis Rocha, espontaneamente, compareceu na data de hoje na Superintendência da Polícia Federal em Brasília para prestar esclarecimentos a respeito dos trágicos acontecimentos ocorridos no último dia 08 no Distrito Federal.

Além de ter respondido a todas as indagações que lhe foram formuladas pela autoridade, teve a oportunidade de rechaçar definitivamente qualquer ideia de que tivesse alguma conivência com o vandalismo antidemocrático verificado no domingo. Sabia da experiência e treinamento da PM DF e foi uma verdadeira surpresa a inexistência de efetivos em número suficiente para conter os vândalos e, pior, que alguns PMs se confraternizaram com os manifestantes.

O governador espera que todo o ocorrido seja cabalmente apurado e as responsabilidades fiquem demonstradas”, dizem os advogados Alberto Zacharias Toron e Cleber Lopes.

 

Da Redação com informações Agência Estado

Foto: Reprodução TV Globo

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