Nesta segunda-feira, 19/12, o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o “orçamento secreto” inaugura uma “nova etapa” de relacionamento do governo com o Legislativo. O STF decidiu declarar, por 6 votos a 5, a inconstitucionalidade das indicações de despesas por deputados e senadores para o chamado orçamento secreto em sessão plenária na manhã desta segunda.
“Eu entendo que é absolutamente possível construir uma alternativa [ao orçamento secreto] que dê protagonismo [ao Congresso], mas respeitados os princípios constitucionais. Eu acredito que, a partir de hoje, começa uma nova etapa de relacionamento”, afirmou o futuro ministro.
“Há muitos mecanismos de fortalecimento do protagonismo do Legislativo na condução do orçamento público, com transparência, discricionariedade, aderência das propostas dos parlamentares aos programas governamentais”, completou Haddad.
O futuro ministro da Fazenda acrescentou que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “não tem a menor intenção de retirar a participação do Congresso na condução dos interesses nacionais”.
“Mas nós vamos encontrar o caminho de fazer isso com a transparência que o orçamento público exige”, completou o ex-prefeito de São Paulo.
Ele também afirmou que, quando era ministro da Educação de Lula, uma série de projetos eram construídos “a quatro mãos”, ou seja, com participação do governo e do Legislativo.
“E eu entendo que o Congresso Nacional pode e deve ter participação na condução da politica orçamentária. Respeitados esses princípios a que fiz referência”, ressaltou o petista.
Haddad deu as declarações durante entrevista à imprensa em que anunciou Anelize Almeida como futura procuradora-geral da Fazenda Nacional.
‘Neutralidade fiscal’ – O futuro ministro da Economia também afirmou que o governo eleito tem um compromisso com a noção de “neutralidade fiscal”, com a manutenção das despesas na sua proporção com o Produto Interno Bruto (PIB).
Haddad declarou que o orçamento de 2023 não pode ser menor do que o deste ano, considerando que muitas despesas, como o aumento do Bolsa Família para R$ 600, foram prometidas no meio deste ano e precisam ser mantidas no futuro.
“A ideia de que o orçamento desse ano, como proporção do PIB, não pode ser menor do que no ano passado. É quase que autoevidente isso”, acrescentou.
Em novembro, o então integrante da equipe de transição do governo eleito, o ex-ministro Nelson Barbosa, afirmou que haveria espaço para gastar cerca de R$ 136 bilhões a mais, no ano que vem, sem elevar despesa na comparação com 2022.
Isso ocorreria, segundo ele, porque o projeto de orçamento do próximo ano traz um valor “significativamente inferior” ao deste ano para despesas.
Da Redação com informações do G1
Foto: Edu Garcia