A causa negra está bem distante de conseguir uma caminhada exitosa. Deparamo-nos com uma sociedade cuja maioria trata a justiça social e a discriminação racial como tabus. A cada palavra de ordem proferida, existe um discurso contrário promovendo o desmonte daquilo que se invoca, daquilo que se pede, daquela demanda que é constitucionalmente tutelada.
O Brasil é comprovadamente um país racista e discriminatório! E quanto mais se fala em respeito, mais se tem notícia de pretos acusados de infrações e, muitas vezes, julgados previamente pela sociedade (linchamentos físicos, morais e de honra), antes mesmo do desfecho das investigações.
Antigamente, o termo raça cabia bem em qualquer discurso quando se dizia: Os da RAÇA NEGRA não podem estudar, adquirir terras nem usufruir de certos lugares, como bancos de ônibus e banheiros públicos. Então os da raça negra, por conta própria, começaram a lutar por suas próprias melhorias, com vozes fracas, mas resistentes, com pouca intelectualidade mas com muita coragem.
Então se passou a dizer que a raça humana é que deve prevalecer, porém chega a ser hilário contrapor essa afirmação. Dizer que temos que ter consciência humana e não a consciência negra é aplaudir a maioria dos jovens negros como sendo vítimas da violência urbana, as mulheres como sendo a maioria no desemprego e na violência doméstica, quanto a isso, não há de se clamar por consciência humana, mas sim por justiça social.
Então, nos cabe declarar, em nome de um povo que anda dividido, mas que, com a força da sua mão de obra, continua mantendo esse país de pé. Enquanto o Brasil não respeitar o próximo e parar de condicionar o tratamento à cor da sua pele, a batalha em nome da consciência negra continuará sendo a principal demanda, a fim de que todos busquem a consciência humana, tão distante, mas não impossível.
Por Christian Rocha – Jurista e ativista dos Direitos Humanos.
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