A intenção do vereador David Reis (Avante) em “mudar” o regimento interno da Câmara Municipal de Manaus (CMM) para permanecer presidente da Casa parece de fato não ter dado certo, uma vez que a maioria dos vereadores de Manaus, muitos contrários às mudanças, já declararam apoio ao candidato à Presidência do vereador Caio André (PSC).
A eleição para nova Mesa Diretora da CMM, que incluiu a presidência da mesma, ocorre no dia 5 de dezembro e, para ser eleito, o candidato precisará da maioria absoluta, ou seja, 21 votos. Caio André, contando com seu próprio voto, já alcançou a maioria.
Em virtude disso, Reis, que teve uma gestão conturbada marcada por diversos “escândalos” em procedimentos licitatórios e contratos para “atender” à Casa Legislativa, não têm, segundo informações de bastidores, comparecido as sessões plenárias. Algo também “recorrente” da sua gestão.
Nas últimas semanas, informações que circulam nos bastidores da CMM, Reis estaria bem disposto a conversar com seus colegas na tentativa de mudar o Regimento Interno. Diálogo esse que teria mudando a partir do momento que diversos parlamentares se mostraram contrários a mudança e o prazo regimental para a possível mudança fosse expirado.
Ainda conforme informações dos bastidores políticos, já com a “derrota” dada como certa, o comportamento do vereador e atual presidente da CMM tem sido visto com críticas.
Gestão – Preste a completar dois anos à frente da Presidência da CMM, o vereador David Reis vem realizando uma gestão conflituosa desde que assumiu o posto de presidente da Casa em janeiro do ano passado. Administração de Reis está marcada por muitas denúncias e escândalos. Denúncias estas, que chegaram inclusive aos órgãos de fiscalização do Estado e na Justiça do Amazonas, sob suspeitas de superfaturamento, favorecimento de empresas em contratos, contratações milionárias e compras duvidosas.
Entre as polêmicas que envolveram o nome de Reis e que causaram muita indignação popular, devido à forma como foi conduzida, está a construção de um prédio anexo à CMM, que custaria cerca de R$ 32 milhões aos cofres da Casa. O que foi barrado após ação judicial.
O aluguel de 41 picapes para os parlamentares, ao valor de R$ 8 mil mensal, também foi uma tratativa que levantou muita polêmica entre os manauaras, que não concordavam com essa aquisição. Porém, com a pressão popular à época em torno desta aquisição, David Reis também cancelou o processo licitatório.
Superfaturamento – Além disso, possíveis superfaturamentos em contratos fechados pela CMM também deram o tom desta gestão conflituosa, um deles foi a distribuição de “kits selfie” entregue aos parlamentares. Os kits eram compostos com máquinas fotográficas, microfones e acessórios de audiovisual. A compra, que repercutiu negativamente na mídia nacional, virou alvo Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM) com suspeitas de irregularidades no processo licitatório da compra dos kit-selfie, por alguns itens estarem supostamente com preços superfaturados.
Cotão – Não só essas situações “abalaram” a imagem do parlamentar no comando da CMM, mas também a aprovação, na última sessão plenária de 2021, do aumento da Cota para o Exercício Parlamentar (Ceap), mais conhecida como “Cotão”, que passou de R$ 18 mil para mais de R$ 33 mil. O ato também repercutiu de forma negativa na gestão de David Reis. No dia da votação, em 15 de dezembro de 2021, Reis nem sequer esteve presente no plenário e deixou a aprovação nas mãos do 1º vice-presidente, o vereador Wallace Oliveira (Pros).
O reajuste do “Cotão” foi outro ato da gestão Reis que também foi levado à Justiça, porém, mais uma vez, David foi “livrado” de qualquer tipo de responsabilidade quando a Justiça entendeu que o reajuste não provocava nenhum dano à população manauara e que se o mesmo não fosse concedido, “pode haver dano irreparável para a Câmara Municipal de Manaus (CMM)”, dizia trecho da decisão do desembargador Paulo Lima, do Tjam.
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Da Redação
Fotos: Divulgação/ Ilustração: Marcos Reis