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segunda-feira, julho 8, 2024

Apoio artístico a candidatos à Presidência pode influenciar diretamente no voto de seus seguidores, avaliam especialistas

O sociólogo Luiz Antônio falou ao O Convergente que o apoio de artistas famosos a uma determinada candidatura presidencial não é apenas uma decisão individual, mas que traz consigo a coletividade representada pelo artista em questão. Já o cientista político Márcio Araújo pontuou que independente de quem os famosos apoiam ou se posicionam de forma favorável, isso reflete diretamente no voto e na decisão de seus seguidores/fãs, mesmo que estes percam público nas redes sociais

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A polarização em torno da disputa dos presidenciáveis nas eleições deste ano ganhou proporções inimagináveis e atingiu todas as esferas no Brasil. O nome do atual presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atraiu disputas entre a população de um modo geral, mas também entre as classes de trabalhadores, de empresários, de donas de casa, de políticos, do esporte, de autônomos, no meio artístico, dentre outras.

Neste segundo turno, tanto Bolsonaro quanto Lula ganharam “reforços” em suas campanhas eleitorais de grandes personalidades e que são também grandes influenciadores na classe artística, que carregam consigo e com seus nomes uma massa de seguidores nas redes sociais, que, ao emitirem opiniões sobre diversos assuntos, são capazes de influenciar, trazer reflexões e quiçá mudar comportamentos e ideais de seus fãs.

Se de um lado Lula tem o apoio de Xuxa Meneghel, Angélica, Fátima Bernardes, Bruna Marquezine, Camila Pitanga, Anitta, Ludmilla, Caetano Veloso, Sandra de Sá, Gal Costa, Gilberto Gil, Pabllo Vittar, Djavan, Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Chico Buarque de Holanda, entre outros artistas, ganhando inclusive apoio de artistas internacionais, como: Jason Momoa, Mark Ruffalo, Danny Glover e Mark Hammil.

Por outro lado, Bolsonaro também tem recebido apoio de grandes nomes de cantores antigos e atuais do sertanejo, como: Gusttavo Lima, Zezé di Camargo, Leonardo, Chitãozinho, Bruno, Marrone, Eduardo Costa, Sérgio Reis, Sula Miranda, bem como atores, como Malvino Salvador, Regina Duarte, Cássia Kiss e Thiago Gagliasso. O atual presidente também ganhou apoio de esportistas de fama internacional, como Neymar, Falcão, Felipe Melo, Marcos – ex-goleiro do Palmeiras, Renato Gaúcho, Robinho, e o ex-seleção brasileira, Rivaldo.

Para o sociólogo e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Luiz Antônio, o apoio de artistas famosos a uma determinada candidatura presidencial não é apenas uma decisão individual, mas que traz consigo a coletividade representada pelo artista em questão. Luiz também pontuou que há duas nuances entre as candidaturas de Lula e Bolsonaro, ora permeada pela ideia da superação da crise econômica, da fome e da miséria instaurada no país, ora pela tragédia, pelo caos e pela violência, respectivamente.

“Quando a comunidade artística faz um movimento em direção de apoiar esta ou aquela candidatura, não se trata só de uma candidatura apoiada por um indivíduo que é artista, cada um destes indivíduos artistas são na verdade coletivos, porque afinal de contas, eles representam a partir da sua arte, um conjunto de valores e ideias. Eles são acompanhados por um conjunto de outras tantas pessoas”, declarou o sociólogo.

Influência direta – Para o pesquisador e cientista político, Márcio Araújo, a influência de um artista em sua base de seguidores é direta e o voto pode sim ser motivado por um posicionamento tomado por determinado artista, mesmo que isso lhe custe algumas perdas de públicos.

“Como ponto de vista rápido do tema, gostaria de lembrar que o apoio de determinado grupo de artista a esse ou aquele candidato ecoa sobre a sua base de fãs, sem dúvida. Se o artista prefere deixar um legado do seu posicionamento político a partir de sua obra e/ou declarações, poderia também começar a pensar sobre o que atrai a sensibilidade dos seus fãs. A despeito do que se vem observando, por exemplo, no chamado sertanejo ou do desdobramentos desse estilo musical, quando dias atrás alguns expoentes vieram declarar publicamente seu alinhamento ideológico. De um lado, pode significar não apenas a configuração da defesa de valores e até uma indicação do modo de perceber o vínculo entre política, estética artista e pragmatismo econômico. Incentivando seus fãs a segui-los no voto, sem preocupação com o derretimento dos seus seguidores online. Por outro lado, a trajetória artística daqueles que têm participação em lutas sociais ou em denúncia das variadas formas de violência e preconceito pode indicar um vínculo mais comprometido e forte da sua expressão artística. Neste sentido, sob a pressão das redes sociais, pode indicar sua permanência ou saída do debate público dessas pautas e reivindicações, incorporando inovação em sua performance artística”, observou Araújo.

Quanto esse apoio artístico a um dos dois candidatos à Presidência está atrelado há uma causa ou performance dos postulantes, ou quiçá a interesses próprios, Araújo pontuou que existem dois caminhos, que são de fato a defesa das políticas públicas que contemplem a todos os brasileiros e não só a classe artística, bem como aqueles que estão apoiando um determinado candidato pensando em si próprio para obter vantagens que não teria com o candidato “indiferente”.

“Por fim, cabe apontar para dois caminhos do posicionamento dos variados grupos artísticos em relação às candidaturas do segundo turno: a defesa de políticas públicas para o apoio e desenvolvimento das expressões culturais, de um lado. E, por outro lado, o posicionamento de ‘apadrinhamento’ e o monopólio de recursos financeiros para uma única expressão artística. Demonizar a Lei Rouanet, apelar pela remissão de dívidas federais ou inflar seguidores nas redes sociais pode indicar a superficialidade e pequenez da nossa sensibilidade e expressão artística, nesse momento político tão relevante”, finalizou.

Mais apoios – Tanto Lula quanto Bolsonaro também receberam apoio de influenciadores digitais bem posicionados, do ponto de vista digital, nas redes sociais. Lula tem apoio de Felipe Neto, Carlinhos Maia, Nath Finanças e Bianca Andrade (Boca Rosa), com milhões de seguidores nas suas respectivas plataformas on-line. Já Bolsonaro é apoiado pelos influencers Yudi Tamashiro, Carlos Magno, André Valadão e Andressa Urach, que também possuem fortes influências no meio artístico, empresarial e evangélico, cada um em seus nichos.

 

Por Edilânea Souza

Fotos: Divulgação / Ilustração: Marcus Reis

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