Identificar as intenções de voto dos eleitores. De um modo geral as pesquisas eleitorais tem esse objetivo e, segundo especialistas, são importantes, não só para o eleitor, como para os candidatos que estão na disputa eleitoral. Ainda que muitos digam não confiar no resultado da amostragem, o cenário apresentado nos estudos é usado, muitas vezes, para nortear as campanhas eleitorais, onde o candidato pode ou não mudar seu método de campanha conforme sua posição no resultado da pesquisa.
É o que explicou o estatístico e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Érico Jander Lopes. Conforme o especialista o resultado das pesquisas pode até nortear os investimentos que o candidato pode ou não fazer para divulgar seu nome ao eleitor.
“Na prática o candidato não vive sem a pesquisa. Tudo se baseia em pesquisa e dados. Então para o candidato o ideal é que ele saiba, por exemplo, as alianças, quem está bem ou está ruim. Se o tipo de campanha que ele está fazendo, está repercutido positivamente. Se ele está crescendo ou não. Então tudo serve para balizar o candidato, para ele ter um direcionamento também. Para o eleitor é importante, principalmente porque tem candidatos que o eleitor não conhece. Às vezes o eleitor quer tentar entender os locais que o candidato está melhor ou não, para ele poder tentar entender os resultados”, destacou o especialista.
Lopes ressaltou, ainda, que a pesquisa, de um modo geral, está incluída em tudo na nossa vida, seja na época eleitoral ou não. E que elas, no caso das eleições, mensuram inclusive se vale a pena ou não candidato ir a determinado local.
“Alguns candidatos eles já têm muitas pesquisas internas. Essas pesquisas internas são feitas todo dia. Todo dia ele está mapeamento como ele está. É como se fosse uma questão de necessidade. A pesquisa ela dá um direcionamento até mesmo de custo. Às vezes não compensa para o candidato entrar em um determinado bairro ou ir para um município onde o eleitorado é menor. O custo de campanha vai ser muito alto e talvez ele não vá absorver tantos votos assim. Tudo isso é levado em conta, quando se faz um estudo estatístico”, destacou ele exemplificando que o assunto também é considerado até em pesquisa de mercado.
Em relação à falta de confiabilidade, que muita gente diz ter sobre o resultado das pesquisas, Érico Jander Lopes, destacou que os resultados são preliminares. Uma vez que o levantamento é feito em determinados momentos específicos e demonstram a intenção do eleitor no momento avaliado.
“Quando a gente faz a pesquisa, a gente faz a estimativa daquele momento. Tanto que a pergunta é: se a eleição fosse hoje? Então você pega o cenário daquele momento. Então esse cenário é suficiente para que a pessoa possa avaliar o que está dando certo ou não. Principalmente para o candidato. E se ele vê que está dando certo e ele está subindo, isso vai servir para ele dar uma determinada continuidade na forma que está fazendo a sua campanha até o fim ou não da eleição”, destacou o especialista ao explicar, ainda, que, como são preliminares e avalia o cenário do momento, a margem de erro no resultado das pesquisas existe, uma vez que muitas coisas mudam até o dia da eleição.
Confiabilidade do eleitor – Nas ruas, o eleitor amazonense diverge em relação ao resultado das pesquisas eleitorais. Alguns dizem confiar no que é apresentado e outros duvidam, por acreditar que o resultado pode ser “manipulado”.
“As pesquisas elas são confiáveis. Primeiro: são registradas no Tribunal Superior Eleitoral [TSE] e tem métodos. Métodos abertos. Então você pode questionar os métodos. Segundo: têm vários institutos de pesquisas. Quando as pesquisas são feitas seriamente, muito difícil ter uma discrepância. E quando tem, é dentro de uma margem de erro. Então elas são confiáveis. Agora as pesquisas são o retrato do momento. Naqueles dois ou três dias que fizeram a pesquisa pode ter um elemento importante que convence a população do quadro eleitoral. Uma semana depois pode ter outra situação. Ela trás um retrato do momento. Portanto, elas são confiáveis”, opinou o professor Ricardo Gilson, 48.
Opinião diferente tem o taxista Marcio Barbosa, 50, que acredita que a “boca de urna” das ruas é o que de fato demonstra o resultado da eleição e por isso não acredita no resultado das pesquisas.
“Não confio. Qualquer político pode mandar fazer uma pesquisa. Algumas acertam, mas eu não confio muito. Porque aqui em Manaus eu vejo muita gente falando que vota em um político. Ai na pesquisa dá outro. A gente que pega muito passageiro vê muito isso”, exemplificou.
Já o empresário, Amalri Raulima, 55, além de confiar no resultado das pesquisas eleitorais, destacou a importância das mesmas.
“As pesquisas são importantes. São feitas por instituições sérias. E elas estão certas. Não tem como um participante da eleição ganhar no primeiro turno. Então vai ser dividido. As intenções políticas, as pesquisas, são sérias e confiáveis”, destacou ele ao citar o que muitas pesquisas vêm falando sobre a probabilidade de ter segundo turno nas eleições para o cargo de presidente da Republica, principalmente.
Confira o que disseram os entrevistados:
Pesquisas e normas eleitorais – De acordo com o TSE as entidades e empresas que realizam pesquisas de opinião pública relativas às Eleições 2022 ou a candidatos, para conhecimento público, devem registrar, junto à Justiça Eleitoral, as informações constantes no art. 33 da Lei n o 9.504/1997.
As pesquisas, segundo o TSE, precisam ser registradas no sistema de Registro de Pesquisas Eleitorais (PesqEle).
Ainda de acordo com o Tribunal Eleitoral o resultado das pesquisas é de inteira responsabilidade dos pesquisadores. Isso porque “a Justiça Eleitoral não realiza qualquer controle prévio sobre o resultado das pesquisas, tampouco gerencia ou cuida de sua divulgação, atuando conforme provocada por meio de representação”.
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Por Izabel Guedes
Fotos: Divulgação/ Ilustração: Marcus Reis